Não acredite em tudo que lê na internet
- Géssica Magalhães
- 21 de out.
- 4 min de leitura

Aprenda a Criticar as Informações que Recebe na Internet: Um Guia de Responsabilidade e Coerência
Vivemos na era da informação, ou, como alguns especialistas preferem chamar, da desinformação. Nunca foi tão fácil acessar dados, vídeos, artigos e opiniões sobre qualquer tema. Basta um clique para receber conselhos sobre saúde, finanças, comportamento, espiritualidade ou nutrição. No entanto, com o aumento da velocidade de disseminação, cresce também o risco de cair em armadilhas perigosas, especialmente quando o assunto é saúde.
Para proteger-se e proteger aqueles que você ama, é essencial desenvolver uma postura crítica diante dos conteúdos digitais. Isso significa cultivar responsabilidade, buscar coerência entre fontes e, principalmente, filtrar as informações à luz da medicina baseada em evidência.
Por que desconfiar é um ato de inteligência
Ao longo dos últimos anos, o volume de conteúdos pseudocientíficos nas redes sociais explodiu. Influenciadores sem formação adequada, vídeos com soluções milagrosas, artigos sensacionalistas e até profissionais formados que distorcem conceitos científicos em nome da audiência compõem o cenário atual.
Segundo a American Psychological Association (APA), a exposição contínua a informações falsas ou manipuladas pode gerar ansiedade, desconfiança em relação à ciência, baixa adesão a tratamentos e até prejuízos à saúde mental coletiva.
Por isso, aprender a questionar é mais do que um hábito: é um instrumento de proteção pessoal e coletiva. Adotar esse olhar crítico é também um gesto de maturidade e cidadania.
O que é medicina baseada em evidência?
A medicina baseada em evidência (MBE) é um método de tomada de decisão clínica que se baseia na melhor evidência científica disponível, associada à experiência do profissional e às preferências do paciente. Em vez de seguir modismos ou experiências individuais, a MBE valoriza estudos controlados, revisões sistemáticas, diretrizes oficiais e consenso entre especialistas.
Instituições sérias, como a American Heart Association (AHA) e a European Society of Cardiology (ESC), pautam suas recomendações em dados consistentes, com amostras amplas, metodologia rigorosa e análise estatística robusta.
Essa prática é o oposto da medicina “baseada em opinião” ou em "achismos" que circulam nas redes. Enquanto a evidência científica busca o que funciona para a maioria, a experiência pessoal pode refletir apenas uma exceção.
Como identificar uma informação confiável?
Para não ser enganado, é importante analisar alguns critérios básicos:
1. Quem está falando?
Avalie a formação e a credibilidade de quem publica. Profissionais com CRM, CRP ou registro em conselhos são mais confiáveis que perfis anônimos ou sem vínculo institucional. Desconfie de quem se autoproclama “especialista” sem apresentar base técnica.
# Observação: cuidado com o viés de autoridade! O fato de uma pessoa se apresentar como especialista ou autoridade em um assunto, não significa que o que ela diz é baseado em evidências robustas!
2. Existe conflito de interesse?
A pessoa está vendendo um produto ou serviço atrelado àquilo que afirma? Isso não invalida o conteúdo automaticamente, mas exige redobrada atenção.
3. A linguagem é emocional ou factual?
Textos muito apelativos, com promessas exageradas, uso de letras maiúsculas e tom alarmista geralmente carecem de fundamento. A coerência é um marcador importante: bons textos explicam, não gritam.
4. Há referência a estudos científicos?
Citações de artigos, revistas médicas ou diretrizes atualizadas fortalecem a credibilidade. Verifique se há links ou menção a instituições como AHA, ESC, OMS ou universidades renomadas.
Ainda assim, é importante aprender a analisar, criticar e questionar artigos científicos, principalmente se você é um profissional da área de saúde. Estudos científicos podem ter evidências robustas, mas também podem ter evidências fracas e questionáveis, especialmente quando publicados por revistas predatórias.
5. A informação está alinhada com o que dizem outras fontes sérias?
Busque coerência com outras páginas confiáveis. Uma informação isolada, que contradiz todo o corpo da ciência, merece ser investigada com cuidado.
Erros comuns ao consumir conteúdos de saúde online
Confundir causalidade com correlação: “Quem come mais tomate tem menos câncer” não significa que o tomate cura o câncer. Pode haver dezenas de variáveis envolvidas.
Exagerar efeitos individuais: Uma pessoa emagreceu com determinado chá? Isso não prova que ele funciona para todos.
Ignorar os riscos: Remédios “naturais” também podem ter efeitos colaterais, interações medicamentosas e contraindicações.
Compartilhar sem verificar: O simples ato de compartilhar algo falso contribui para a desinformação, mesmo com boa intenção.




Comentários