A importância da vacinação na prevenção cardiovascular
- Géssica Magalhães
- 2 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 4 de out.
A vacinação é amplamente reconhecida como uma ferramenta essencial na prevenção de doenças infecciosas, mas seu impacto vai além. Nos últimos anos, tem crescido a evidência científica sobre o papel das vacinas na proteção contra complicações cardiovasculares, particularmente em grupos de risco.

Este artigo explora como a vacinação, especialmente contra a gripe e a pneumonia, contribui diretamente para a saúde do coração, com base nas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
1. Vacinação e saúde do coração: uma conexão surpreendente
Embora muitos associem a vacinação apenas à prevenção de doenças como gripe, pneumonia ou hepatite, há uma ligação importante entre infecções e a saúde cardiovascular.
Doenças infecciosas, ao sobrecarregar o sistema imunológico, podem desencadear inflamações generalizadas que afetam diretamente os vasos sanguíneos e o coração. Assim, infecções virais e bacterianas podem aumentar o risco de complicações cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC), principalmente em pessoas com condições cardíacas preexistentes.
Vacinar-se contra determinadas infecções, portanto, não apenas previne essas doenças, mas também reduz o risco de eventos cardíacos graves, especialmente em indivíduos que já enfrentam fatores de risco, como hipertensão, diabetes ou histórico de infarto.
2. A vacina da gripe: uma aliada do coração
A gripe, aparentemente uma doença respiratória sazonal, pode causar um impacto devastador no sistema cardiovascular, particularmente em idosos e pacientes com doenças crônicas.
Estudos mostram que a infecção pelo vírus influenza aumenta significativamente o risco de infarto do miocárdio nas semanas que seguem o início da doença. A inflamação sistêmica desencadeada pelo vírus pode desestabilizar placas de gordura nas artérias, levando a uma obstrução súbita e resultando em um ataque cardíaco.
A vacinação anual contra a gripe é, portanto, uma medida crucial para quem vive com doenças cardiovasculares. A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda fortemente que todos os indivíduos com histórico de doenças cardíacas ou fatores de risco realizem a vacina da gripe anualmente. Além de prevenir as complicações respiratórias graves, a vacina tem o potencial de reduzir em até 45% o risco de infarto em pessoas vulneráveis.
3. Prevenção de pneumonia e seu papel na saúde cardiovascular
A pneumonia é outra infecção que pode exercer uma pressão imensa sobre o sistema cardiovascular, especialmente em pacientes idosos ou com condições pré-existentes, como insuficiência cardíaca. O esforço adicional que o corpo precisa fazer para combater a infecção pode levar ao agravamento de doenças cardíacas, provocando descompensação e até insuficiência respiratória.
A vacina pneumocócica, que protege contra as principais cepas de bactérias causadoras de pneumonia, tem mostrado reduzir significativamente o risco de hospitalização e morte por doenças cardiovasculares em pessoas de alto risco.
A vacinação contra pneumonia é recomendada para adultos com mais de 60 anos, portadores de doenças crônicas, e especialmente para aqueles com insuficiência cardíaca, hipertensão ou diabetes, devido à alta vulnerabilidade desse grupo.
4. Impacto da vacinação em pacientes com insuficiência cardíaca
Pacientes com insuficiência cardíaca representam um dos grupos mais vulneráveis a infecções. Uma simples gripe ou pneumonia pode descompensar completamente a função cardíaca, levando à necessidade de internação hospitalar e, em casos mais graves, ao óbito.
A vacinação regular é uma das medidas preventivas mais eficazes para esse público, contribuindo para a redução do número de hospitalizações por causas relacionadas a infecções e eventos cardiovasculares.
A prevenção dessas infecções respiratórias é crucial para evitar sobrecargas adicionais no coração. A combinação da vacina contra a gripe e a vacina pneumocócica pode oferecer uma proteção poderosa, reduzindo não apenas o risco de infecções, mas também de desfechos cardíacos adversos.
5. Vacinação em tempos de pandemia: lições aprendidas
A pandemia de COVID-19 destacou ainda mais a importância das vacinas na proteção cardiovascular. Estudos revelaram que pacientes com doenças cardíacas estavam entre os mais afetados pela forma grave da infecção pelo coronavírus, com maior risco de complicações fatais. As vacinas contra a COVID-19 não apenas têm reduzido a taxa de hospitalizações e mortes pela doença, como também têm protegido indiretamente contra a exacerbação de doenças cardíacas em pacientes vulneráveis.
Essa experiência reforçou a necessidade de garantir que todos os pacientes com histórico de doenças cardiovasculares mantenham suas vacinas em dia, protegendo-se não apenas contra a COVID-19, mas também contra outras infecções que podem agravar suas condições de saúde.
6. Benefícios da vacinação em populações de risco
As diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia enfatizam que a vacinação deve ser considerada uma estratégia central na prevenção de eventos cardiovasculares, especialmente em populações de risco, como idosos, diabéticos, hipertensos e portadores de doenças cardíacas.
Essas pessoas estão mais suscetíveis a complicações graves decorrentes de infecções, e a vacinação pode ser uma intervenção eficaz e de baixo custo para melhorar sua qualidade de vida e prevenir hospitalizações.
Além disso, a vacinação também traz benefícios para pessoas que vivem com fatores de risco menos conhecidos, como o colesterol elevado ou a síndrome metabólica. Ao reduzir o risco de infecções graves e a inflamação sistêmica, a vacinação pode ajudar a estabilizar o sistema cardiovascular e evitar complicações.
Conclusão




Muito educativo.