AVC em jovens: por que tantos casos precoces?
- Géssica Magalhães
- 16 de out.
- 3 min de leitura

AVC em Jovens: O Que Está Por Trás dos Casos Precoces e Como Prevenir
O acidente vascular cerebral (AVC) é a segunda causa de morte no Brasil e a principal causa de incapacidade em adultos. Embora seja mais comum em pessoas acima dos 60 anos, os casos de AVC em jovens, abaixo de 45 anos, vêm crescendo nas últimas décadas.
A boa notícia é que, em muitos desses casos, o AVC poderia ser evitado com diagnóstico precoce e mudanças no estilo de vida. Mas para isso, é preciso reconhecer os sinais e entender os fatores de risco.
O que é o AVC?
O AVC acontece quando há uma interrupção ou redução do fluxo de sangue para uma parte do cérebro, causando morte de células cerebrais.
Existem dois tipos principais:
AVC isquêmico: causado por entupimento de uma artéria (85% dos casos).
AVC hemorrágico: causado por rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro.
Ambos exigem atendimento médico imediato. Cada minuto conta.
Jovens também podem ter AVC?
Sim. Embora mais comum em idosos, o AVC também pode atingir pessoas abaixo dos 45 anos, inclusive adultos saudáveis e, em alguns casos, adolescentes.
Estima-se que até 15% dos AVCs isquêmicos ocorrem em pessoas com menos de 50 anos.
Quais são os principais fatores de risco para AVC em jovens?
Fatores clássicos (e cada vez mais frequentes em jovens):
Hipertensão arterial;
Colesterol alto;
Diabetes mellitus;
Sedentarismo e obesidade;
Tabagismo;
Consumo excessivo de álcool;
Uso de drogas ilícitas (como cocaína e crack).
Fatores específicos de jovens:
Enxaqueca com aura (especialmente em mulheres);
Uso de anticoncepcionais hormonais combinados, principalmente em fumantes;
Doenças autoimunes ou inflamatórias (lúpus, vasculites);
Distúrbios de coagulação ou trombofilias (inclusive genéticas);
Forame oval patente (comunicação entre átrios do coração);
Infecções ou doenças cardíacas prévias não diagnosticadas;
COVID-19 e suas complicações vasculares.
Mulheres jovens têm risco aumentado se houver associação de pílula anticoncepcional + tabagismo + enxaqueca.
Quais são os sintomas de alerta?
Os sintomas de AVC em jovens são os mesmos que em adultos e devem ser levados a sério, mesmo que desapareçam após alguns minutos.
SINAIS DE ALERTA (use a sigla SAMU):
S de Sorriso torto (assimetria facial);
A de Abraço fraco (perda de força em um dos braços ou pernas);
M de Mensagem confusa (fala enrolada, dificuldade para entender ou se comunicar);
U de Urgente! (ligue 192 imediatamente).
Outros sintomas incluem:
Perda súbita de visão;
Tontura intensa ou desequilíbrio;
Dor de cabeça muito forte e diferente das habituais;
Convulsões (em alguns casos).
Procure socorro IMEDIATAMENTE. Cada minuto pode salvar neurônios.
Como é feito o diagnóstico?
Avaliação clínica e neurológica;
Tomografia ou ressonância de crânio;
Exames de sangue;
Ecocardiograma, doppler de carótidas, angiotomografia (se necessário);
Investigação de causas incomuns em jovens (ex: doenças do sangue, genéticas, autoimunes).
Existe tratamento?
Sim. O tratamento depende do tipo de AVC e do tempo decorrido desde o início dos sintomas.
Para AVC isquêmico:
Trombólise (medicação para “dissolver” o coágulo) — indicada nas primeiras 4h30 após o início dos sintomas;
Trombectomia mecânica — retirada do coágulo por cateter, em centros especializados.
Para AVC hemorrágico:
Controle rigoroso da pressão arterial;
Intervenção cirúrgica, se necessário.
Após a fase aguda, o paciente pode precisar de reabilitação com fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional.
E depois do AVC?
Jovens sobreviventes de AVC muitas vezes enfrentam:
Dificuldades físicas, cognitivas ou emocionais;
Alterações na memória, fala ou coordenação motora;
Depressão, ansiedade, medo de recaída.
Por isso, o cuidado após o AVC é multidisciplinar, incluindo neurologista, cardiologista, psicólogo e equipe de reabilitação.
O acolhimento da família e o suporte profissional fazem toda a diferença na recuperação.
Como prevenir um AVC precoce?
A prevenção é possível e essencial. Cuidados recomendados:
✅ Medir a pressão com regularidade;
✅ Controlar colesterol, glicemia e peso corporal;
✅ Parar de fumar e evitar o uso de drogas;
✅ Avaliar histórico familiar de trombose ou AVC precoce;
✅ Ter hábitos saudáveis: alimentação equilibrada, sono regular, atividade física;
✅ Mulheres: conversar com o ginecologista sobre riscos do anticoncepcional, especialmente se tiver enxaqueca com aura.
Em resumo:
O AVC em jovens é uma realidade crescente e pode causar sequelas graves;
Tabagismo, anticoncepcionais, uso de drogas e doenças silenciosas são grandes vilões;
Reconhecer os sintomas e agir rápido salva vidas e reduz sequelas;
A prevenção deve começar cedo, com acompanhamento médico e estilo de vida saudável.




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