Apneia do sono pode causar morte súbita
- 16 de out. de 2024
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Atualizado: 4 de out.
A apneia do sono é um distúrbio respiratório caracterizado por interrupções repetidas na respiração durante o sono, que afetam a oxigenação do corpo e a qualidade do descanso. Embora seja frequentemente associada a ronco e cansaço diurno, a apneia do sono pode ter implicações muito mais sérias, incluindo o aumento do risco de morte súbita cardiovascular.

Estudos recentes demonstram que esse distúrbio, quando não tratado, exerce uma pressão significativa sobre o sistema cardiovascular, elevando o risco de eventos fatais. Entender essa relação é essencial para promover uma abordagem preventiva e proteger a saúde do coração.
O que é a apneia do sono e como ela afeta o organismo?
A apneia do sono pode se manifestar de duas formas principais: a apneia obstrutiva do sono (AOS), que ocorre quando há obstrução parcial ou total das vias aéreas, e a apneia central do sono, na qual o cérebro não envia sinais adequados para controlar a respiração. Em ambas as formas, o fluxo de ar é interrompido, resultando em quedas nos níveis de oxigênio no sangue e microdespertares frequentes durante a noite.
Essas interrupções comprometem a qualidade do sono e sobrecarregam o organismo. A falta de oxigênio e a repetida ativação do sistema nervoso simpático — responsável pela resposta de “luta ou fuga” — criam um ciclo perigoso, elevando a pressão arterial e a frequência cardíaca. Isso coloca o coração sob constante estresse e aumenta o risco de arritmias, infartos e outras condições cardiovasculares.
A conexão entre apneia do sono e arritmias cardíacas
A apneia do sono está intimamente ligada ao surgimento de arritmias, que são alterações no ritmo normal do coração. Durante os episódios de apneia, a queda nos níveis de oxigênio e o aumento da pressão intratorácica podem provocar desequilíbrios elétricos no coração, favorecendo o aparecimento de fibrilação atrial e outras arritmias perigosas.
A fibrilação atrial é especialmente preocupante, pois aumenta significativamente o risco de acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e morte súbita. Além disso, pacientes com apneia do sono apresentam uma maior propensão a arritmias ventriculares, que podem levar a paradas cardíacas fatais se não forem tratadas rapidamente.
Hipertensão resistente e sobrecarga cardiovascular
A apneia do sono também está fortemente associada à hipertensão resistente, um tipo de hipertensão arterial que não responde de maneira eficaz aos tratamentos convencionais. A pressão arterial elevada é um dos principais fatores de risco para infartos e AVCs, especialmente quando não há controle adequado.
A falta de oxigênio durante os episódios de apneia leva à liberação crônica de hormônios do estresse, como o cortisol e a adrenalina, que mantêm a pressão arterial elevada mesmo durante o sono. Essa hipertensão noturna impede o coração de descansar, aumentando ainda mais o risco de sobrecarga cardiovascular e eventos fatais, como a morte súbita.
O papel da hipoxemia intermitente na morte súbita
A hipoxemia intermitente, que ocorre quando há quedas bruscas nos níveis de oxigênio durante o sono, é um dos fatores mais críticos na relação entre apneia do sono e morte súbita. Cada vez que a respiração é interrompida, o corpo entra em estado de alerta, liberando hormônios e aumentando a pressão nas artérias e no coração.
Essa sobrecarga contínua pode desencadear uma série de respostas adversas, como a disfunção ventricular e o espessamento das paredes do coração. A hipoxemia crônica também está associada a um aumento da inflamação e do estresse oxidativo, fatores que agravam a aterosclerose e elevam o risco de infartos fatais e parada cardíaca durante o sono.
Apneia do sono e mortalidade noturna: os horários mais críticos
Estudos apontam que o risco de morte súbita em pessoas com apneia do sono é mais elevado durante a noite e nas primeiras horas da manhã. Isso ocorre porque, durante o sono, a frequência cardíaca e a pressão arterial costumam diminuir, permitindo que o coração e os vasos sanguíneos descansem. No entanto, em indivíduos com apneia, esses padrões fisiológicos são interrompidos, resultando em episódios de hipertensão noturna e arritmias.
A falha em atingir a fase de “mergulho” da pressão arterial durante a noite deixa o coração em estado constante de alerta, aumentando a probabilidade de eventos fatais nas horas em que o organismo deveria estar em repouso. Esse fenômeno, conhecido como “non-dipping”, é um marcador importante de risco cardiovascular e morte súbita.
Diagnóstico e tratamento: protegendo o coração
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado da apneia do sono são essenciais para reduzir o risco de morte súbita e proteger a saúde cardiovascular. A polissonografia, um exame que monitora a atividade respiratória e cardíaca durante o sono, é o método mais eficaz para diagnosticar o distúrbio.
O uso de aparelhos de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) é considerado o tratamento padrão-ouro para a apneia obstrutiva do sono. O CPAP mantém as vias aéreas abertas durante o sono, prevenindo interrupções respiratórias e melhorando a oxigenação.
Estudos mostram que o uso regular desse aparelho não apenas melhora a qualidade do sono, mas também reduz a pressão arterial e o risco de arritmias, diminuindo significativamente a mortalidade cardiovascular.
Além do CPAP, mudanças no estilo de vida também são recomendadas, como a perda de peso, a prática regular de exercícios físicos e a redução do consumo de álcool e cigarro. Essas medidas ajudam a minimizar os fatores de risco e melhoram o prognóstico para pacientes com apneia do sono.
Conclusão



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