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Infarto em jovens

  • Foto do escritor: Géssica Magalhães
    Géssica Magalhães
  • 16 de out.
  • 3 min de leitura
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Ataques cardíacos sempre foram associados a pessoas mais velhas, com vida sedentária, alimentação ruim e histórico de pressão alta. No entanto, um número crescente de jovens adultos está sendo diagnosticado com síndrome coronariana aguda, incluindo infarto agudo do miocárdio (IAM).

Mas o que está por trás disso? Por que o coração de pessoas com menos de 45 anos está adoecendo? E o mais importante: como prevenir?


O que é síndrome coronariana?

É um termo que engloba situações em que há redução súbita do fluxo sanguíneo nas artérias do coração (as coronárias), podendo causar:

  • Angina instável (dor no peito que aparece em repouso ou com esforço leve);

  • Infarto com supra de ST (quando há obstrução total da artéria);

  • Infarto sem supra de ST (quando há obstrução parcial).


Esses quadros exigem atendimento médico urgente, pois colocam a vida em risco.


Jovens também infartam?

Sim. Embora menos comum, o infarto em jovens (pessoas com menos de 45 anos) tem aumentado nas últimas décadas. E o mais preocupante: frequentemente é mais grave e inesperado, pois muitos não sabiam que estavam em risco.

Cerca de 4 a 10% de todos os infartos ocorrem em pessoas jovens.


Quais são os fatores de risco para síndrome coronariana em jovens?

Muitos são os mesmos dos adultos mais velhos — mas com algumas particularidades:

Fatores clássicos:

  • Tabagismo (o mais associado a infarto precoce);

  • Colesterol alto (especialmente LDL);

  • Hipertensão arterial;

  • Diabetes mellitus;

  • Obesidade e sedentarismo;

  • Histórico familiar de infarto precoce (homens <55 anos, mulheres <65 anos).


Fatores específicos em jovens:

  • Uso de drogas ilícitas (principalmente cocaína e crack);

  • Uso abusivo de energéticos e anabolizantes;

  • Estresse intenso, ansiedade e depressão não tratada;

  • Doenças autoimunes ou inflamatórias (como lúpus, artrite reumatoide);

  • Distúrbios de coagulação ou trombofilia;

  • Síndrome de Takotsubo (infarto por estresse emocional agudo).


Em muitos casos, a pessoa jovem não sabia que tinha colesterol elevado ou predisposição genética.


Quais são os sintomas?

Os sintomas em jovens podem ser os mesmos que nos adultos mais velhos, mas muitas vezes são subestimados, tanto pelo paciente quanto pelos profissionais de saúde.

Sintomas mais comuns:

  • Dor ou pressão no peito (geralmente no centro ou lado esquerdo);

  • Dor que irradia para braço esquerdo, costas, mandíbula ou pescoço;

  • Falta de ar;

  • Suor frio, náusea ou tontura;

  • Sensação de desmaio iminente;

  • Ansiedade intensa ou sensação de morte iminente.


Qualquer dor no peito de início súbito em um jovem saudável deve ser avaliada com atenção.


Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico de síndrome coronariana aguda envolve:

  • Eletrocardiograma (ECG);

  • Dosagem de troponina (exame de sangue para detectar lesão no músculo cardíaco);

  • Exames de imagem (ecocardiograma, angiotomografia);

  • Cateterismo cardíaco (em casos graves ou confirmados).


O tratamento é diferente em jovens?

Em geral, o tratamento de emergência segue os mesmos protocolos:

  • Uso de medicações antiplaquetárias, anticoagulantes, betabloqueadores, estatinas, etc.;

  • Cateterismo com angioplastia e stent, quando indicado;

  • Cuidados intensivos nas primeiras horas.


Porém, no jovem, é essencial investigar causas secundárias, como uso de drogas, disfunções hormonais, doenças inflamatórias ou predisposição genética.


E depois do infarto, como fica a vida?

Um infarto muda a vida, especialmente quando acontece cedo. Muitos jovens relatam medo, culpa, ansiedade e insegurança após o evento.

Por isso, além do tratamento médico, é essencial:

  • Aderir à reabilitação cardiovascular supervisionada;

  • Fazer psicoterapia, se houver sintomas emocionais persistentes;

  • Corrigir fatores de risco modificáveis;

  • Abandonar o tabagismo e outras substâncias nocivas;

  • Reorganizar o estilo de vida com alimentação, sono, atividade física e equilíbrio emocional.


Como prevenir infarto precoce?

Prevenção é sempre o melhor remédio. Mesmo para os jovens, é possível evitar surpresas com atitudes simples:


  • Fazer check-ups regulares, mesmo sem sintomas;

  • Adotar uma alimentação balanceada, com menos ultraprocessados e gorduras ruins;

  • Não fumar;

  • Dormir bem e gerenciar o estresse;

  • Praticar atividade física regular;

  • Avaliar o histórico familiar e, se necessário, investigar fatores genéticos.


Jovens com fatores de risco devem começar o acompanhamento cardiológico regular desde cedo.


Em resumo:

  • Infartos em jovens existem e estão aumentando, especialmente devido ao estilo de vida moderno;

  • O tabagismo, o estresse, drogas e colesterol alto são os principais vilões;

  • A síndrome coronariana aguda exige atendimento imediato, e pode deixar sequelas importantes;

  • Prevenir é possível com mudança de hábitos, controle dos fatores de risco e acompanhamento médico;

  • O cuidado com o coração começa cedo e salva vidas.


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© 2019 por Dra Géssica Magalhães. 

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