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Como saber se estou infartando ou tendo uma crise de ansiedade?

  • Foto do escritor: Géssica Magalhães
    Géssica Magalhães
  • 1 de out. de 2024
  • 5 min de leitura

Antes de mais nada, lembre-se de que este artigo não substitui uma avaliação médica pormenorizada. Se você está sentindo dor no peito, palpitações, dormência, falta de ar há mais de 20 minutos, procure atendimento médico. Se está na dúvida, ou muito desconfortável, busque o pronto atendimento imediatamente.



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Muitas vezes, os sintomas de um infarto e de uma crise de ansiedade podem ser surpreendentemente semelhantes. Dor no peito, falta de ar, sudorese excessiva e palpitações são sinais que podem surgir em ambas as situações, mas as causas e as consequências de cada uma são muito diferentes. Diferenciar um infarto de uma crise de ansiedade é crucial, pois, enquanto a ansiedade geralmente pode ser tratada com técnicas de relaxamento e medicamentos, o infarto é uma emergência médica que requer atenção imediata. Baseando-se nas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), vamos entender as principais diferenças entre essas duas condições e como identificar corretamente os sinais de cada uma.


  • Sintomas comuns: uma linha tênue


Tanto o infarto quanto a crise de ansiedade podem causar uma série de sintomas físicos que, à primeira vista, podem parecer idênticos. A dor no peito, por exemplo, é um sintoma clássico de ambos, mas existem diferenças importantes na forma como essa dor se manifesta. No infarto, a dor costuma ser intensa, apertada e se espalha para outras regiões, como o braço esquerdo, pescoço, mandíbula e costas. Já na crise de ansiedade, a dor no peito tende a ser mais localizada e aguda, muitas vezes descrita como uma pontada ou pressão.


Além disso, em uma crise de ansiedade, os sintomas costumam estar associados a uma sensação intensa de medo ou pânico, acompanhada de outros sinais como tontura, tremores, sensação de desmaio e formigamento nas mãos ou nos pés. O infarto, por outro lado, pode ocorrer sem aviso emocional prévio e vir acompanhado de náuseas, suor frio e uma sensação de mal-estar generalizado.


  • Diferenças na origem dos sintomas


O infarto ocorre quando há uma interrupção no fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco, geralmente causada por um bloqueio nas artérias coronárias. Isso leva à falta de oxigênio no coração, o que pode causar danos irreversíveis ao músculo cardíaco se não for tratado rapidamente. O infarto é uma emergência médica, e cada minuto conta para a sobrevivência do paciente.


Por outro lado, a crise de ansiedade está ligada a um estado de alerta exacerbado do sistema nervoso simpático, responsável pela resposta de "luta ou fuga" do corpo. Durante uma crise de ansiedade, o cérebro libera uma onda de hormônios do estresse, como a adrenalina, que causam uma série de sintomas físicos, como palpitações, sudorese e sensação de asfixia. Embora os sintomas possam ser assustadores, eles não indicam um problema físico no coração ou nas artérias.


  • Dor no peito: intensidade e duração


No infarto, a dor no peito é descrita como opressiva, uma sensação de peso ou aperto que dura mais de alguns minutos. Ela não desaparece com o descanso e pode ser acompanhada por uma sensação de queimação ou pressão intensa que se irradia para outras áreas do corpo, como braços, ombros, mandíbula e costas. Além disso, a dor tende a piorar com o passar do tempo e não melhora com técnicas de relaxamento.


Já na crise de ansiedade, a dor no peito tende a ser mais breve, muitas vezes durando apenas alguns minutos, e pode ser acompanhada de sensações de pânico, medo intenso ou sensação de morte iminente. Essa dor pode ser mais superficial e em forma de pontada, e pode diminuir com respirações profundas, técnicas de relaxamento ou quando a pessoa se acalma. No entanto, como a ansiedade pode desencadear várias crises, os sintomas podem retornar de forma cíclica.


  • Palpitações e frequência cardíaca


As palpitações, ou batimentos cardíacos acelerados, são sintomas comuns tanto em infartos quanto em crises de ansiedade. Contudo, existem nuances que podem ajudar a diferenciar os dois. Durante um infarto, a frequência cardíaca pode aumentar, mas geralmente está associada à dor intensa no peito e à sensação de exaustão extrema. A pessoa pode sentir os batimentos cardíacos irregulares, fracos ou muito rápidos, muitas vezes associados a uma sensação de desmaio iminente.


Na crise de ansiedade, as palpitações são causadas por uma liberação repentina de adrenalina, que prepara o corpo para a resposta de "luta ou fuga". A pessoa sente o coração bater forte e rápido, mas isso geralmente acontece sem dor no peito ou com uma dor mais superficial e localizada. As palpitações em uma crise de ansiedade podem ser acompanhadas de hiperventilação (respiração rápida e superficial), o que agrava ainda mais a sensação de desconforto.


  • Outras manifestações físicas


Além dos sintomas no peito e das palpitações, tanto o infarto quanto a crise de ansiedade podem causar outros sinais físicos que podem confundir ainda mais. No infarto, é comum haver sudorese intensa, náuseas, vômitos e uma sensação de fraqueza ou cansaço extremo. A pessoa pode ter dificuldade em respirar e uma sensação de peso ou dor nos braços.


Durante uma crise de ansiedade, outros sintomas físicos incluem tremores, formigamento nas extremidades (causado pela hiperventilação), tontura e uma sensação de desrealização, em que a pessoa sente que está desconectada de si mesma ou do ambiente. Esses sintomas são assustadores, mas não representam uma ameaça imediata à vida, ao contrário dos sinais de infarto.


  • Fatores de risco


Uma maneira importante de diferenciar o infarto da crise de ansiedade é considerar os fatores de risco pessoais. Pessoas que possuem histórico de doenças cardíacas, pressão alta, colesterol elevado, diabetes ou que são fumantes têm maior probabilidade de sofrer um infarto. Além disso, o infarto é mais comum em indivíduos acima dos 50 anos, especialmente homens, embora as mulheres também estejam em risco, especialmente após a menopausa.


Por outro lado, crises de ansiedade são mais comuns em pessoas com histórico de transtornos de ansiedade, estresse crônico ou distúrbios emocionais. Elas podem ocorrer em qualquer idade e muitas vezes são desencadeadas por situações de estresse, medo ou trauma. Em alguns casos, pessoas que já tiveram um infarto podem desenvolver crises de ansiedade devido ao medo de terem outro evento cardíaco.


  • O que fazer em caso de dúvida?


Quando os sintomas se manifestam, especialmente quando há dor no peito, é essencial buscar ajuda médica imediata. Se houver qualquer dúvida se é um infarto ou uma crise de ansiedade, é sempre melhor errar pelo lado da cautela e procurar um pronto-socorro. O infarto é uma emergência médica e o tempo é um fator crítico para o tratamento eficaz. Um eletrocardiograma (ECG) e exames de sangue podem rapidamente identificar se há algum dano ao coração.


Enquanto aguarda o atendimento, é importante tentar manter a calma, respirar fundo e, se possível, sentar-se em uma posição confortável. Em casos de crise de ansiedade, técnicas de respiração profunda e focada podem ajudar a reduzir os sintomas. No entanto, apenas um médico poderá fazer o diagnóstico correto e diferenciar entre uma crise de ansiedade e um infarto.


  • Conclusão


Distinguir um infarto de uma crise de ansiedade pode ser desafiador, já que muitos sintomas são semelhantes. No entanto, entender as nuances, como a natureza da dor no peito, a duração dos sintomas e os fatores de risco, pode ajudar a identificar a diferença entre as duas condições. Diante de qualquer sinal de alerta, buscar ajuda médica imediata é sempre a melhor decisão, pois no caso de um infarto, o atendimento rápido pode salvar vidas.

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© 2019 por Dra Géssica Magalhães. 

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