top of page

Compreendendo o aneurisma de aorta

  • Foto do escritor: Géssica Magalhães
    Géssica Magalhães
  • 11 de out.
  • 4 min de leitura
ree

O aneurisma de aorta é uma dilatação anormal e progressiva da maior artéria do corpo humano, a aorta, responsável por conduzir o sangue do coração para todo o organismo. Embora possa se desenvolver de forma silenciosa, sem sintomas aparentes por longos períodos, representa uma condição grave, com alto risco de ruptura e mortalidade elevada se não for diagnosticada precocemente.

Compreender seus fatores de risco, métodos de diagnóstico, estratégias de prevenção e opções de tratamento é fundamental para preservar vidas.


O que é um aneurisma de aorta

A aorta é um vaso elástico e robusto, projetado para suportar pressões elevadas. Contudo, determinadas condições podem enfraquecer sua parede, levando à formação de uma dilatação permanente e localizada, que é o aneurisma. Essa dilatação pode ocorrer em qualquer segmento da aorta, mas é mais comum na porção abdominal (aneurisma de aorta abdominal – AAA) e, em menor frequência, na região torácica (aneurisma de aorta torácica – AAT).

Com o tempo, a dilatação tende a aumentar, elevando o risco de ruptura. Quando isso ocorre, o sangramento interno é maciço e geralmente fatal. Por isso, a detecção precoce e o monitoramento contínuo são essenciais.


Principais fatores de risco

O desenvolvimento de um aneurisma de aorta está diretamente relacionado a uma combinação de predisposição genética, estilo de vida e condições clínicas pré-existentes. Entre os principais fatores de risco, destacam-se:

  • Idade avançada: mais comum em homens acima de 65 anos.

  • Sexo masculino: homens são até cinco vezes mais propensos a desenvolver aneurismas do que mulheres.

  • Tabagismo: o cigarro é um dos mais fortes fatores de risco, pois danifica o endotélio arterial e acelera o processo de degeneração da parede aórtica.

  • Hipertensão arterial crônica: o aumento da pressão sobre as paredes da aorta contribui para o enfraquecimento estrutural.

  • Histórico familiar: parentes de primeiro grau de portadores de aneurisma têm risco aumentado.

  • Dislipidemia e aterosclerose: o acúmulo de placas de gordura causa inflamação e perda de elasticidade na parede do vaso.

  • Doenças do tecido conjuntivo: como a síndrome de Marfan e a síndrome de Ehlers-Danlos, que afetam a integridade das fibras elásticas.


Além desses, traumas torácicos, infecções e inflamações arteriais (aortites) também podem estar envolvidos.


Sintomas e evolução clínica

Na maioria dos casos, o aneurisma de aorta é assintomático e descoberto incidentalmente durante exames de imagem solicitados por outros motivos. Contudo, à medida que a dilatação aumenta, podem surgir sinais inespecíficos, como dor abdominal, dor lombar profunda, sensação pulsátil no abdômen e, em casos de aneurisma torácico, dor no peito, rouquidão ou dificuldade para engolir.

A ruptura é o evento mais temido. Ela se manifesta com dor súbita e intensa, hipotensão, palidez, sudorese fria e perda de consciência. Trata-se de uma emergência médica que exige intervenção imediata.


Métodos de diagnóstico

O diagnóstico do aneurisma é feito, em geral, por exames de imagem. A ultrassonografia abdominal é o método mais simples, acessível e eficaz para detecção de aneurismas abdominais. É indolor, não invasiva e altamente sensível.

Quando se deseja avaliar a extensão, o diâmetro exato e o envolvimento de outras estruturas, a tomografia computadorizada com contraste é o exame de escolha. Ela fornece imagens tridimensionais detalhadas, essenciais para o planejamento cirúrgico. A ressonância magnética também pode ser utilizada, especialmente em casos de contraindicação ao contraste iodado.

O diagnóstico precoce é determinante. Por isso, programas de rastreamento populacional são recomendados em países onde a doença é prevalente, especialmente para homens acima de 65 anos com histórico de tabagismo.


Estratégias de prevenção

A prevenção do aneurisma de aorta está diretamente associada ao controle rigoroso dos fatores de risco cardiovasculares. Algumas medidas simples, porém eficazes, podem reduzir significativamente a probabilidade de desenvolvimento e progressão da doença:

  • Cessar o tabagismo: interromper o hábito de fumar é a ação isolada mais importante para reduzir o risco de aneurisma e sua expansão.

  • Controlar a pressão arterial: manter níveis pressóricos estáveis evita sobrecarga sobre a parede da aorta.

  • Manter dieta equilibrada: reduzir gorduras saturadas, colesterol e sal, priorizando frutas, vegetais, fibras e gorduras boas.

  • Praticar atividade física regularmente: melhora a circulação e ajuda no controle da pressão e do peso corporal.

  • Monitorar o colesterol e glicemia: doenças metabólicas não controladas aceleram o dano arterial.

  • Realizar exames periódicos: especialmente em indivíduos com histórico familiar ou tabagismo crônico.


A prevenção é sempre o caminho mais seguro e econômico, especialmente diante de uma doença que pode permanecer silenciosa até suas fases mais críticas.


Opções de tratamento

O tratamento do aneurisma de aorta depende do tamanho, da localização e da presença ou não de sintomas. Em casos de aneurismas pequenos (menores que 5 cm), a conduta é geralmente conservadora, com acompanhamento periódico por imagem e controle rigoroso dos fatores de risco.

Quando o diâmetro ultrapassa limites críticos (geralmente 5,5 cm para aneurismas abdominais e 6 cm para torácicos), o risco de ruptura aumenta significativamente, tornando o tratamento cirúrgico indicado.


1. Cirurgia aberta tradicional: Envolve a substituição da porção dilatada da aorta por um enxerto sintético. Apesar de ser um procedimento invasivo, apresenta bons resultados a longo prazo quando realizado em centros especializados.


2. Correção endovascular (EVAR): Técnica minimamente invasiva que utiliza um stent recoberto introduzido por meio das artérias femorais. Esse dispositivo reforça a parede da aorta e desvia o fluxo sanguíneo da área enfraquecida, reduzindo o risco de ruptura. É indicada para pacientes com condições clínicas mais frágeis ou alto risco cirúrgico.


O acompanhamento pós-operatório é fundamental em ambas as abordagens, incluindo controle de pressão arterial, cessação do tabagismo e monitoramento por exames de imagem.


A importância da conscientização

O aneurisma de aorta é um inimigo silencioso. Em muitos casos, o primeiro sintoma é também o último — a ruptura. Por isso, o conhecimento sobre seus fatores de risco, a busca pelo diagnóstico precoce e o investimento em prevenção são as melhores armas para evitar desfechos trágicos.

A medicina moderna oferece meios cada vez mais seguros e eficazes de tratamento, mas o verdadeiro desafio está em reconhecer a vulnerabilidade antes que o dano seja irreversível. Cuidar da saúde vascular é cuidar da vida em sua essência.


Comentários


© 2019 por Dra Géssica Magalhães. 

bottom of page