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Cuidados paliativos em cardiologia

  • Foto do escritor: Géssica Magalhães
    Géssica Magalhães
  • 16 de out.
  • 3 min de leitura
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Cuidados Paliativos em Cardiologia: Cuidar Mesmo Quando Não Há Cura


Quando se fala em cuidados paliativos, muitas pessoas pensam, de imediato, em fim de vida. Mas na verdade, esse cuidado vai muito além. Em cardiologia, os cuidados paliativos têm como foco aliviar o sofrimento, controlar sintomas e promover dignidade e qualidade de vida, mesmo diante de uma doença grave e sem possibilidade de cura completa.

Neste texto, você vai entender o que são cuidados paliativos em cardiologia, para quem são indicados e como eles podem transformar a jornada de pacientes e famílias.


O que são cuidados paliativos?

São um tipo de assistência voltada para pessoas com doenças crônicas graves, com o objetivo de:

  • Controlar sintomas físicos (como dor, falta de ar, cansaço);

  • Apoiar emocionalmente o paciente e a família;

  • Ajudar nas decisões sobre tratamentos;

  • Promover conforto, autonomia e dignidade;

  • Favorecer uma vida com sentido — mesmo diante da limitação.


Não se trata de "desistir", mas sim de mudar o foco: da cura para o cuidado.


Por que falar em cuidados paliativos na cardiologia?

A maioria das doenças cardíacas não tem cura definitiva, mas pode ser controlada. No entanto, há momentos em que a evolução da doença leva a:

  • Limitação física importante (cansaço extremo, incapacidade para caminhar, etc.);

  • Internações repetidas por insuficiência cardíaca;

  • Arritmias graves ou risco de morte súbita;

  • Uso de múltiplos medicamentos com efeitos colaterais relevantes;

  • Sofrimento físico e emocional significativo.


É nesse cenário que os cuidados paliativos oferecem suporte essencial — sem interromper o tratamento da doença, mas integrando ações para o bem-estar global.


Quem pode se beneficiar?

✅ Pacientes com insuficiência cardíaca avançada, que já não respondem bem ao tratamento;

✅ Pessoas com doença cardíaca terminal ou em fase de fim de vida;

✅ Pacientes com doenças associadas graves (como câncer, DPOC, AVC);

✅ Pessoas com sintomas que limitam a vida diária, mesmo sem estar em fase final da doença;

✅ Idosos frágeis com múltiplas comorbidades e risco de piora rápida.


Os cuidados paliativos devem ser oferecidos precocemente, e não apenas nos últimos dias de vida.


Quais sintomas são mais comuns em doenças cardíacas avançadas?

  • Fadiga intensa;

  • Falta de ar aos mínimos esforços ou até em repouso;

  • Inchaços (edema);

  • Dor no peito ou desconforto constante;

  • Palpitações ou sensação de coração acelerado;

  • Insônia, ansiedade, medo;

  • Perda de apetite e emagrecimento involuntário;

  • Tristeza, angústia, solidão.


Os cuidados paliativos atuam para controlar esses sintomas e melhorar o dia a dia do paciente.

Quais profissionais estão envolvidos?

Os cuidados paliativos são feitos por uma equipe interdisciplinar:

  • Cardiologista e médico paliativista;

  • Enfermeiro especializado;

  • Fisioterapeuta (para alívio da falta de ar, mobilidade, conforto);

  • Nutricionista (para adaptar a alimentação);

  • Psicólogo (para apoio emocional e enfrentamento);

  • Assistente social (para apoio à família, orientações práticas e sociais);

  • Capelão ou conselheiro espiritual, quando desejado.


O foco é acolher o paciente em sua totalidade — corpo, mente, emoções e valores.

O paciente recebe menos tratamento quando está em cuidados paliativos?

Não. Pelo contrário: recebe mais cuidado e atenção individualizada. O foco está em:

  • Evitar tratamentos fúteis ou que tragam mais sofrimento do que benefício;

  • Aliviar sintomas com segurança;

  • Proporcionar escuta, presença, respeito e suporte;

  • Tomar decisões em conjunto com o paciente e a família.


Cuidados paliativos são o mesmo que cuidados de fim de vida?

Não necessariamente. Eles podem (e devem) ser iniciados ainda durante o tratamento ativo, quando há sofrimento ou perda de qualidade de vida.

Em estágios mais avançados da doença, sim, os cuidados paliativos incluem cuidados de fim de vida, com:

  • Controle rigoroso de sintomas;

  • Planejamento de onde o paciente quer ser cuidado (hospital, casa);

  • Apoio à família no luto e na despedida.


Onde são realizados os cuidados paliativos?

  • Hospitais com equipe especializada;

  • Consultórios e ambulatórios cardiológicos com suporte;

  • Atendimento domiciliar, com visitas regulares;

  • Hospices ou unidades de cuidados paliativos, em algumas cidades.


Em muitos casos, os cuidados podem ser oferecidos no próprio lar, com o apoio de profissionais capacitados.


E o papel da família?

A família é parte central do cuidado. Os profissionais oferecem suporte para que:

  • Sejam acolhidos em suas dúvidas e emoções;

  • Recebam orientação clara e honesta;

  • Participem das decisões com segurança;

  • Possam cuidar do ente querido com dignidade.


O diálogo aberto, a escuta ativa e o planejamento conjunto são marcas da abordagem paliativa.


Em resumo:

  • Cuidados paliativos em cardiologia são parte essencial do tratamento em fases avançadas da doença cardíaca;

  • Aliviam sintomas, promovem dignidade e respeitam os desejos do paciente;

  • Devem ser iniciados precocemente, e não apenas no fim da vida;

  • Envolvem equipe multiprofissional e apoio à família;

  • Cuidar não é sinônimo de curar — é presença, escuta, conforto e respeito.


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© 2019 por Dra Géssica Magalhães. 

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