Cuide do seu fígado
- Géssica Magalhães
- 11 de out.
- 4 min de leitura

O fígado é o maior órgão sólido do corpo humano (tecnicamente, é uma glândula) e um verdadeiro maestro do metabolismo. Suas funções são múltiplas e vitais: participa da digestão de gorduras, armazena vitaminas, sintetiza proteínas, regula o açúcar no sangue e realiza a depuração de toxinas. Proteger esse órgão silencioso é essencial para manter o equilíbrio do organismo. E, ao contrário do que muitos pensam, doenças hepáticas não são exclusividade de quem consome álcool em excesso. Condições como a esteatose hepática, a cirrose e o câncer de fígado estão crescendo de forma alarmante, muitas vezes associadas a hábitos de vida modernos.
A discreta e perigosa esteatose hepática
Conhecida popularmente como “fígado gorduroso”, a esteatose hepática é caracterizada pelo acúmulo de gordura nas células hepáticas. Embora possa ser assintomática no início, sua progressão pode levar à inflamação, fibrose e, em casos mais graves, evoluir para cirrose e câncer hepático.
Esse quadro pode ter origem alcoólica, mas é cada vez mais comum sua forma não alcoólica (esteatose hepática não alcoólica – EHNA), associada a fatores de risco como:
Obesidade abdominal
Resistência à insulina
Diabetes tipo 2
Hiperlipidemia (colesterol e triglicérides elevados)
Síndrome metabólica
Sedentarismo
Estudos apontam que entre 20% e 30% da população adulta pode ter esteatose hepática. A maior preocupação é que muitos pacientes desconhecem essa condição até que ela evolua silenciosamente para formas mais agressivas de lesão hepática.
Quando a lesão é permanente: a temida cirrose
A cirrose é o estágio final de várias doenças hepáticas crônicas. Nessa fase, o tecido saudável do fígado é substituído por tecido fibroso, comprometendo sua capacidade funcional. Além de reduzir a qualidade de vida, a cirrose aumenta drasticamente o risco de câncer hepático e outras complicações, como hemorragias digestivas, ascite (acúmulo de líquido no abdômen), encefalopatia hepática e falência orgânica.
As causas mais comuns de cirrose incluem:
Hepatite viral crônica (especialmente B e C)
Consumo abusivo de álcool
Esteatose hepática avançada
Doenças autoimunes do fígado
Doenças metabólicas (como hemocromatose e doença de Wilson)
Trata-se de uma condição irreversível. No entanto, quando diagnosticada precocemente, é possível estabilizar o quadro e evitar complicações maiores.
O espectro mais temido: o câncer de fígado
O câncer hepático primário, mais frequentemente o carcinoma hepatocelular (CHC), surge quase sempre em fígados já comprometidos, principalmente por cirrose. Ele representa um dos tipos de câncer mais agressivos e letais, justamente por ser de difícil diagnóstico precoce e apresentar rápida progressão.
Entre os principais fatores de risco para o câncer de fígado, destacam-se:
Hepatite B e C crônicas
Consumo crônico de álcool
Cirrose de qualquer etiologia
EHNA (esteatose hepática não alcoólica)
Exposição a toxinas, como aflatoxina
Por isso, a vigilância regular dos pacientes com fatores de risco é fundamental para a detecção precoce e aumento das chances de tratamento curativo.
A importância da prevenção
Cuidar do fígado começa muito antes do surgimento de qualquer sintoma. A prevenção é o pilar central na luta contra as doenças hepáticas. Ela envolve uma série de escolhas conscientes que protegem e fortalecem esse órgão vital.
Hábitos de vida saudáveis
Alimentação equilibrada: rica em vegetais, frutas, cereais integrais, proteínas magras e gorduras boas. Evitar alimentos ultraprocessados, açúcares simples e excesso de gordura saturada.
Controle de peso: o sobrepeso é um dos maiores fatores de risco para a esteatose hepática e suas complicações.
Atividade física regular: exercícios aeróbicos e de resistência ajudam a reduzir a gordura hepática e melhorar a sensibilidade à insulina.
Evitar álcool em excesso: o consumo crônico e abusivo de bebidas alcoólicas é um dos principais agressores do fígado (PS: NÃO EXISTE DOSE SEGURA DE ÁLCOOL!)
Vacinação: contra hepatites A e B, especialmente em grupos de risco.




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