Cuide dos seus rins
- Géssica Magalhães
- 11 de out.
- 4 min de leitura

Em silêncio, sem alarde, dois órgãos localizados na parte posterior do abdômen trabalham incansavelmente para manter o equilíbrio interno do corpo: os rins. Esses órgãos discretos, muitas vezes negligenciados, exercem funções vitais que vão muito além da simples eliminação de resíduos. São verdadeiros reguladores da saúde global, impactando diretamente o sistema cardiovascular, o metabolismo ósseo, o controle da pressão arterial e a produção de hormônios.
O papel dos rins no organismo
Os rins filtram cerca de 50 litros de sangue por dia, eliminando toxinas, resíduos nitrogenados e excesso de líquidos por meio da urina. Também equilibram os níveis de eletrólitos como sódio, potássio, cálcio e fósforo, fundamentais para o funcionamento neuromuscular. Participam ainda da regulação do pH sanguíneo, da síntese de eritropoetina (hormônio responsável pela produção de glóbulos vermelhos) e da ativação da vitamina D, essencial à saúde óssea.
Assim, preservar a integridade funcional dos rins não é apenas uma questão renal: é um investimento direto na saúde sistêmica e na longevidade.
Principais fatores de risco para doenças renais
A doença renal crônica (DRC) é uma condição progressiva e silenciosa, que pode evoluir por anos sem sintomas perceptíveis. Quando os sinais surgem, como inchaços, fraqueza, alterações na urina ou pressão alta, muitas vezes os danos já são irreversíveis. Conhecer os principais fatores de risco é o primeiro passo para a prevenção.
1. Hipertensão arterial: A pressão elevada força os glomérulos (unidades filtradoras dos rins) a trabalhar de forma excessiva. Com o tempo, isso leva à perda de função renal.
2. Diabetes mellitus: Altos níveis de glicose no sangue danificam os vasos sanguíneos renais, comprometendo sua capacidade de filtração.
3. Obesidade: O excesso de peso contribui para a inflamação crônica e sobrecarrega os rins, além de estar associado a doenças metabólicas que agravam o risco renal.
4. Tabagismo: O hábito de fumar reduz o fluxo sanguíneo para os rins, acelera a progressão da DRC e aumenta o risco de câncer renal.
5. Uso indiscriminado de anti-inflamatórios: Medicamentos como ibuprofeno, cetoprofeno, diclofenaco, aceclofenaco, nimesulida, meloxican, entre outros, quando usados cronicamente, podem provocar lesões renais irreversíveis.
6. Histórico familiar ou pessoal de doenças renais: Alterações genéticas, doenças autoimunes ou infecções urinárias de repetição também devem acender o alerta.
Estratégias práticas para proteger os rins
A boa notícia é que grande parte dos fatores que comprometem os rins pode ser evitada com hábitos de vida saudáveis e monitoramento médico adequado.
1. Hidratação adequada
A ingestão de água pura, em quantidade proporcional às necessidades individuais, favorece a função de filtração e reduz o risco de formação de cálculos renais.
2. Controle da pressão arterial e glicemia
Manter os níveis de pressão e açúcar sob controle é um dos pilares para preservar a função renal, especialmente em pacientes com predisposição a hiperglicemia e diabetes.
3. Redução do consumo de sal
O excesso de sódio na dieta contribui para a retenção de líquidos e aumento da pressão, sobrecarregando os rins. O ideal é limitar a ingestão a menos de 5g de sal por dia (1 sachê daquele pequenininho de restaurante).
4. Alimentação equilibrada
Uma dieta rica em vegetais, frutas, leguminosas e proteínas magras, com baixo teor de alimentos ultraprocessados e gorduras saturadas, protege não só os rins, mas todo o sistema cardiovascular.
5. Prática regular de atividade física
O exercício físico melhora a sensibilidade à insulina, reduz a inflamação e ajuda no controle da pressão, fatores determinantes para a saúde renal.
6. Evitar o uso prolongado de medicamentos nefrotóxicos
Sempre que possível, opte por alternativas terapêuticas menos agressivas aos rins e utilize qualquer medicação com orientação médica.
Quando suspeitar de comprometimento renal?
Mesmo sendo silenciosas, algumas manifestações podem sugerir que os rins estão em sofrimento:
Inchaço persistente nos pés, tornozelos ou rosto
Urina espumosa, escura ou em pouca quantidade
Cansaço crônico sem explicação
Pressão alta de difícil controle
Náuseas e perda de apetite
Coceira na pele sem lesões aparentes




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