Desmaio: Quando o Corpo Desliga por Instantes
- Géssica Magalhães
- 15 de out.
- 3 min de leitura

O desmaio, que na medicina chamamos de síncope, é uma perda rápida e temporária da consciência, geralmente com recuperação espontânea em poucos minutos. É uma situação que assusta quem passa por ela, e também quem presencia. Embora muitas vezes seja algo benigno, o desmaio pode, em alguns casos, ser sinal de um problema mais sério que precisa ser investigado.
Entender o que provoca a síncope, quando ela representa perigo e como agir diante de um episódio pode fazer toda a diferença.
O que acontece durante um desmaio?
O desmaio acontece quando o cérebro recebe menos sangue do que precisa — mesmo que por poucos segundos. Isso pode ocorrer por uma queda súbita da pressão, uma alteração no ritmo do coração ou outros fatores. Ao perceber que o fluxo está reduzido, o corpo "desliga" momentaneamente como forma de proteção.
Na maioria das vezes, a pessoa recupera a consciência rapidamente, mas pode se sentir fraca, suada ou tonta por alguns minutos depois.
Quais são as causas mais comuns da síncope?
Causas cardíacas
Arritmias (batimentos desregulados): o coração bate muito rápido ou muito devagar, dificultando o bombeamento do sangue.
Doenças nas válvulas cardíacas ou obstruções na saída do sangue.
Infarto agudo do miocárdio, especialmente em idosos.
Importante: síncopes de origem cardíaca são mais perigosas e sempre devem ser investigadas com atenção.
Causas neurológicas
Raramente, crises epilépticas, AVC ou enxaquecas muito intensas podem se manifestar com perda de consciência.
Causas vasovagais (as mais comuns)
São os desmaios mais benignos, causados por situações como:
Calor excessivo;
Estresse emocional;
Ficar em pé muito tempo;
Ver sangue ou passar por susto;
Fome ou desidratação.
Nesses casos, o sistema nervoso autônomo provoca uma queda da pressão e dos batimentos cardíacos — e o desmaio acontece.
Outras causas
Pressão baixa (hipotensão);
Hipoglicemia (queda de açúcar no sangue);
Uso de medicamentos (diuréticos, remédios para pressão, antidepressivos);
Anemia severa.
Quando o desmaio é perigoso?
Nem todo desmaio é grave, mas há situações que exigem investigação médica urgente.
Atenção para os sinais de alerta:
Desmaio durante esforço físico;
Desmaio sem aviso (repentino, sem sintomas antes);
História de doenças no coração;
Quedas frequentes;
Tontura ou desmaios com dor no peito;
Palpitações antes do desmaio;
Perda do controle da bexiga ou convulsões;
História familiar de morte súbita.
Se você ou alguém próximo apresentou um desses sinais, não ignore: é fundamental procurar avaliação médica.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico começa com uma boa conversa com o médico. Algumas perguntas que ajudam muito:
O que você estava fazendo quando desmaiou?
Sentiu algo antes (tontura, calor, visão escura)?
Alguém viu o que aconteceu?
Quanto tempo durou?
Já tinha acontecido antes?
Depois de uma avaliação detalhada, o profissional pode solicitar, de acordo com sua suspeita:
Eletrocardiograma (ECG): para avaliar o ritmo do coração;
Holter (monitoramento do coração por 24 horas ou mais);
Ecocardiograma: para ver a estrutura do coração;
Exames de sangue: para investigar anemia, glicose, eletrólitos;
Teste de inclinação (Tilt Test): para avaliar a resposta do corpo à mudança de posição;
Tomografia ou ressonância, em casos selecionados.
O objetivo é entender a causa da síncope e orientar o tratamento correto.
O que fazer durante um episódio de desmaio?
Se você presenciar alguém desmaiando, siga estes passos:
Deite a pessoa de costas e eleve as pernas.
Afrouxe roupas apertadas (como gravatas ou cintos).
Certifique-se de que a respiração está normal.
Não ofereça líquidos ou alimentos enquanto a pessoa estiver inconsciente.
Se a recuperação for rápida e completa, oriente repouso e procure atendimento.
Se a pessoa não acordar em 1 minuto, ou tiver convulsões, chame o SAMU (192) imediatamente.
Como é o tratamento da síncope?
O tratamento vai depender da causa identificada:
Síncopes vasovagais: orientações simples já ajudam muito. Como:
Evitar longos períodos em pé parado;
Manter boa hidratação;
Comer com intervalos regulares;
Aprender manobras posturais para prevenir quedas (como cruzar as pernas ou contrair os músculos quando sentir a tontura se aproximando).
Causas cardíacas: podem exigir remédios específicos, colocação de marcapasso ou outras intervenções.
Crises de ansiedade ou pânico: são tratadas com apoio psicológico, técnicas de respiração e, se necessário, medicação.
Causas metabólicas (como hipoglicemia ou anemia): exigem ajuste na alimentação, controle do diabetes, reposição de ferro, entre outros.
É possível prevenir?
Sim! Algumas atitudes simples podem ajudar a evitar episódios de síncope:
Hidrate-se bem, especialmente em dias quentes;
Não fique em jejum prolongado;
Levante-se devagar da cama ou de cadeiras;
Evite ambientes muito abafados e com aglomeração;
Faça acompanhamento regular se tiver pressão baixa, diabetes ou doenças cardíacas;
Se já teve desmaios, informe ao seu médico e evite dirigir até avaliação.
Em resumo:
Síncope é o nome médico para desmaio.
Na maioria das vezes, é benigno. Mas pode ser sinal de alerta.
É importante descrever bem o episódio ao médico e fazer os exames certos.
O tratamento depende da causa, e muitas vezes pode ser simples.
Cuidados no dia a dia ajudam a prevenir novas crises.




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