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Entenda a dor de cabeça

  • Foto do escritor: Géssica Magalhães
    Géssica Magalhães
  • 11 de out.
  • 4 min de leitura
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A dor de cabeça (Cefaleia) é uma das queixas mais frequentes nos consultórios médicos. Estima-se que mais de 90% da população mundial sofrerá ao menos um episódio ao longo da vida. Apesar de comum, nem toda cefaleia deve ser encarada como algo banal. Há nuances importantes entre os tipos de dor, seus desencadeadores e, principalmente, os sinais de alerta que podem indicar a presença de uma condição subjacente mais grave.


O que é, afinal, uma dor de cabeça?

Trata-se de uma sensação dolorosa que ocorre na região do crânio, couro cabeludo ou parte superior do pescoço. Pode ser leve e passageira, como nas cefaleias tensionais, ou intensa e incapacitante, como ocorre em crises de enxaqueca (migrânea). Embora a dor esteja localizada na cabeça, sua origem pode ser periférica ou central, envolvendo estruturas como músculos, vasos sanguíneos, meninges e nervos cranianos.


Classificação das cefaleias

A International Headache Society (IHS) classifica as dores de cabeça em dois grandes grupos:

1. Cefaleias primárias

São aquelas que não têm relação com outras doenças. Os exemplos mais conhecidos incluem:

  • Cefaleia tensional: a mais frequente. Caracteriza-se por dor em pressão, bilateral, de leve a moderada intensidade, geralmente associada ao estresse, cansaço ou tensão muscular.

  • Enxaqueca: dor pulsátil, frequentemente unilateral, de intensidade moderada a severa, podendo vir acompanhada de náuseas, vômitos, fotofobia (sensibilidade à luz) e fonofobia (sensibilidade ao som). Pode durar de horas a dias.

  • Cefaleia em salvas: tipo raro, mas extremamente doloroso. Surge em episódios agrupados (salvas), com dor intensa ao redor do olho, lacrimejamento, congestão nasal, geralmente em homens jovens.


2. Cefaleias secundárias

Nessa categoria, a dor de cabeça é consequência de alguma outra condição médica, como:

  • Sinusite

  • Infecções virais ou bacterianas

  • Hipertensão intracraniana

  • Tumores cerebrais

  • Hemorragias ou aneurismas

  • Uso ou abstinência de substâncias (cafeína, álcool, medicamentos)


É nesse grupo que os sinais de alerta se tornam fundamentais.


Sinais de alerta: quando a dor é mais do que apenas dor

Nem toda dor de cabeça exige investigação urgente, mas é essencial saber reconhecer os chamados red flags, que são características clínicas que apontam para causas potencialmente graves.

Fique atento aos seguintes sinais de alerta:

  • Início súbito e explosivo (“a pior dor da vida”)

  • Dor que piora progressivamente com o tempo

  • Dor associada a febre alta, rigidez de nuca ou confusão mental

  • Déficits neurológicos (formigamento, fraqueza, perda de visão, dificuldade de fala)

  • História de câncer, HIV ou doenças imunossupressoras

  • Início após os 50 anos de idade

  • Mudança no padrão habitual de cefaleia

  • Dor desencadeada por esforço, tosse ou atividade sexual

  • Presença de sinais de aumento da pressão intracraniana (vômitos em jato, papiledema)


Diante de qualquer um desses sinais de alerta, é prudente buscar avaliação médica imediata.


Principais fatores de risco para cefaleias

Diversos fatores de risco podem contribuir para o surgimento ou agravamento da dor de cabeça. Eles variam conforme o tipo de cefaleia, mas alguns são recorrentes:

  • Estresse crônico: ativa a musculatura cervical e o sistema nervoso simpático, facilitando crises tensionais.

  • Privação ou excesso de sono: desequilíbrios no ciclo circadiano afetam neurotransmissores relacionados à dor.

  • Desidratação: a queda no volume circulante pode desencadear cefaleias leves a moderadas.

  • Jejum prolongado: causa hipoglicemia e queda nos níveis de serotonina, o que pode precipitar enxaquecas.

  • Alterações hormonais: variações no estrogênio, especialmente no ciclo menstrual, são gatilhos clássicos para a enxaqueca.

  • Consumo de certos alimentos: embutidos, queijos envelhecidos, chocolate, cafeína e bebidas alcoólicas são comumente associados a crises.

  • Uso excessivo de analgésicos: paradoxalmente, a automedicação frequente pode levar à cefaleia por uso excessivo de medicamentos.


Conhecer e controlar esses fatores de risco é um passo essencial para a prevenção e controle das cefaleias.


Quando procurar um especialista?

Em casos recorrentes, refratários ao tratamento ou acompanhados de sinais de alerta, é indicado o encaminhamento a um neurologista. A avaliação especializada poderá incluir exames de imagem (tomografia, ressonância magnética) ou outros testes diagnósticos, dependendo do quadro clínico.

Além disso, o especialista pode indicar tratamentos preventivos, como o uso de medicações específicas, mudanças de estilo de vida, fisioterapia, acupuntura ou terapia cognitivo-comportamental.


Estratégias para prevenção e qualidade de vida

Algumas medidas simples podem reduzir significativamente a frequência e a intensidade das dores de cabeça:

  • Estabelecer uma rotina de sono regular

  • Hidratar-se adequadamente ao longo do dia

  • Evitar jejum prolongado e preferir refeições equilibradas

  • Praticar atividades físicas regularmente

  • Aprender técnicas de relaxamento (respiração diafragmática, meditação, ioga)

  • Manter um diário de cefaleias para identificar gatilhos

  • Reduzir o consumo de cafeína e álcool

  • Evitar a automedicação e buscar orientação profissional


A adoção dessas práticas contribui não apenas para o alívio da dor de cabeça, mas também para a promoção de bem-estar físico e emocional.


Conclusão

A dor de cabeça, embora muitas vezes subestimada, pode ser um sintoma incapacitante e indicativo de doenças mais sérias. Diferenciar os tipos de cefaleia, reconhecer os sinais de alerta e agir sobre os fatores de risco é essencial para um diagnóstico precoce, tratamento eficaz e prevenção de complicações.

Cuidar da saúde neurológica é um gesto de atenção integral à vida. E compreender a linguagem silenciosa da dor é o primeiro passo para esse cuidado.


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© 2019 por Dra Géssica Magalhães. 

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