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Mounjaro e Ozempic: o que você precisa saber

  • Foto do escritor: Géssica Magalhães
    Géssica Magalhães
  • 11 de out.
  • 4 min de leitura
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Nos últimos anos, o campo do tratamento da obesidade e das doenças metabólicas avançou significativamente. Entre as inovações mais comentadas, destacam-se duas medicações injetáveis: o Mounjaro (tirzepatida) e o Ozempic (semaglutida). Ambos os fármacos têm se mostrado eficazes não apenas na regulação da glicemia, mas também no processo de emagrecimento sustentado, com impactos diretos na saúde cardiovascular.


O que são Ozempic e Mounjaro?

Ozempic, cujo princípio ativo é a semaglutida, é um agonista do receptor de GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon tipo 1). Já o Mounjaro, ou tirzepatida, age como agonista dual dos receptores de GLP-1 e GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente da glicose). Em outras palavras, ambos mimetizam hormônios intestinais que atuam na regulação do apetite, da secreção de insulina e da resposta glicêmica pós-prandial.

Ao estimular esses receptores, essas medicações aumentam a saciedade, retardam o esvaziamento gástrico e reduzem os impulsos de ingestão calórica excessiva. Isso favorece uma menor ingestão alimentar, promovendo emagrecimento progressivo.


Efetividade no emagrecimento

Estudos clínicos randomizados demonstram que pacientes utilizando Ozempic podem perder, em média, de 10% a 15% do peso corporal inicial após 68 semanas de tratamento. Já o Mounjaro tem surpreendido com perdas superiores a 20% do peso em alguns protocolos, aproximando-se dos resultados observados em cirurgias bariátricas.

A magnitude desses resultados é particularmente importante, considerando que uma redução de apenas 5% do peso já é suficiente para melhorar indicadores como pressão arterial, níveis de colesterol e controle glicêmico.

É importante ressaltar que tanto o Mounjaro quanto o Ozempic devem ser prescritos dentro de um contexto clínico supervisionado, aliado a mudanças no estilo de vida, como reeducação alimentar, prática regular de atividade física e acompanhamento psicológico, quando necessário.


Efeitos sobre a saúde cardiovascular

A obesidade é um dos principais fatores de risco modificáveis para doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca. Nesse sentido, os efeitos dos agonistas de GLP-1 e GIP transcendem a simples perda de peso.

A semaglutida, princípio ativo do Ozempic, demonstrou em estudos como o SUSTAIN-6 e o SELECT sua capacidade de reduzir eventos cardiovasculares em pacientes com alto risco, mesmo sem diabetes. Entre os benefícios observados estão a redução de pressão arterial, melhora do perfil lipídico e diminuição da inflamação sistêmica.

O Mounjaro, por sua vez, ainda está em fase de avaliação em grandes ensaios clínicos voltados especificamente para desfechos cardiovasculares, mas seus efeitos promissores sobre parâmetros metabólicos sugerem forte potencial cardioprotetor.

Portanto, o uso dessas terapias representa não apenas uma ferramenta eficaz no emagrecimento, mas também um avanço na proteção da saúde cardiovascular de pacientes com obesidade, síndrome metabólica e diabetes tipo 2.


Perfil de segurança e tolerabilidade

Ambas as medicações são, em geral, bem toleradas. Os efeitos adversos mais comuns incluem náuseas, vômitos, constipação ou diarreia — geralmente transitórios e mais intensos nas primeiras semanas de uso. Tais reações ocorrem pela lentificação do esvaziamento gástrico, um dos mecanismos de ação das drogas.

Casos raros de pancreatite, hipoglicemia (em associação com outras medicações) ou complicações renais foram descritos e exigem monitoramento cuidadoso por parte da equipe médica.

A titulação gradual da dose, conforme protocolo, é essencial para minimizar efeitos colaterais e garantir maior adesão ao tratamento.


Quem pode se beneficiar?

Embora ambos os medicamentos tenham sido inicialmente aprovados para o tratamento do diabetes tipo 2, sua eficácia no controle de peso tem ampliado sua indicação para pessoas com obesidade ou sobrepeso, especialmente quando associados a comorbidades como:

  • Apneia obstrutiva do sono

  • Dislipidemia

  • Hipertensão arterial

  • Doença hepática gordurosa não alcoólica (esteatose)

  • Resistência insulínica

A importância do acompanhamento multidisciplinar

Embora promissoras, essas medicações não devem ser encaradas como soluções mágicas. O tratamento eficaz da obesidade exige abordagem multidimensional. Isso inclui não apenas prescrição medicamentosa, mas também educação nutricional, suporte psicológico, atividade física regular e, em alguns casos, intervenções mais complexas como terapia cognitivo-comportamental entre outros.

O uso de Mounjaro e Ozempic, quando bem indicado e acompanhado, representa uma ferramenta terapêutica poderosa para promover emagrecimento duradouro e preservar a saúde cardiovascular, reduzindo drasticamente o risco de complicações futuras.


Considerações finais

Estamos diante de uma nova era no manejo clínico da obesidade. Mounjaro e Ozempic não são apenas redutores de peso, mas agentes de mudança metabólica, com efeitos reais e sustentados sobre múltiplos aspectos da saúde.

Sua utilização deve ser sempre orientada por profissionais habilitados, com foco em segurança, individualização e ética. O grande diferencial dessas terapias é que elas dialogam com o corpo — regulando seus sinais hormonais, sua saciedade e sua resposta ao alimento — em vez de simplesmente impor restrições.

Investir em saúde é investir em consciência. E, nesse caminho, o tratamento farmacológico pode ser um aliado precioso, desde que inserido em um plano de cuidado completo e integrado.


=> Não faça uso de nenhuma dessas medicações sem indicação e acompanhamento médicos


=> Caso seu médico te proponha o tratamento com essa medicação, ignore comentários maldosos de pessoas próximas a você, dizendo "com remédio é fácil", "não é certo pegar atalhos", "você está trapaceando", "depois você vai ganhar o dobro do peso". Confie no seu médico e no processo. E, o mais importante, lembre-se de que a medicação funciona como uma bóia, mas você precisa aprender a nadar, ou seja, precisa aprender a se alimentar corretamente, fazer atividade física regular (aeróbico e treino de força), e aprender a administrar suas emoções ao invés de "comê-las".


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© 2019 por Dra Géssica Magalhães. 

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