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O coração da mulher na menopausa

  • Foto do escritor: Géssica Magalhães
    Géssica Magalhães
  • 2 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 5 de out.

A "Diretriz Brasileira sobre a Saúde Cardiovascular no Climatério e na Menopausa", lançada em 2024, aborda os impactos que essas fases da vida feminina têm na saúde cardiovascular. O entedimento dessas questões permite um abordagem mais ampla na prevenção cardiovascular dessas mulheres, bem como no diagnóstico precoce de agravos de saúde.


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A menopausa marca uma transição importante para as mulheres, associada a mudanças hormonais que influenciam diretamente o risco cardiovascular. A diretriz traz orientações para o manejo e prevenção de doenças cardiovasculares nesse período.


1. Impacto da Menopausa na Saúde Cardiovascular


A menopausa está relacionada à queda nos níveis de estrogênio, um hormônio que exerce um efeito protetor sobre o sistema cardiovascular. Com a diminuição desse hormônio, há um aumento na incidência de doenças cardíacas em mulheres pós-menopáusicas. A diretriz enfatiza que essa fase da vida está associada a mudanças no perfil lipídico, aumento da pressão arterial e alterações na distribuição de gordura corporal, fatores que elevam o risco de doenças cardiovasculares.


2. Fatores de Risco Cardiovascular no Climatério e na Menopausa


Os fatores de risco tradicionais, como hipertensão, diabetes, tabagismo e sedentarismo, continuam a ser relevantes, mas durante o climatério e a menopausa, outros fatores se tornam mais evidentes, como:


- Alterações metabólicas: O aumento do LDL (colesterol "ruim") e a redução do HDL (colesterol "bom") são comuns nesse período.


- Obesidade abdominal: A redistribuição da gordura corporal, especialmente no abdômen, aumenta o risco de síndrome metabólica.


- Resistência à insulina: A menopausa pode exacerbar a resistência à insulina, contribuindo para o desenvolvimento de diabetes tipo 2, outro fator de risco cardiovascular.


3. Terapia Hormonal e Risco Cardiovascular


A terapia hormonal (TH) é uma intervenção amplamente discutida no manejo dos sintomas da menopausa, mas seu impacto sobre o risco cardiovascular exige cuidado. A diretriz aborda que, quando iniciada precocemente (durante o início da menopausa), a TH pode ter um efeito neutro ou levemente benéfico para a saúde cardiovascular em mulheres sem contraindicações.


No entanto, quando iniciada tardiamente, especialmente após os 60 anos, a terapia pode aumentar o risco de trombose e eventos cardiovasculares, como infarto e AVC. A decisão sobre a TH deve ser individualizada, levando em conta os fatores de risco e as condições de saúde de cada mulher.


4. Prevenção e Manejo do Risco Cardiovascular


A diretriz destaca a importância de um estilo de vida saudável como a principal estratégia de prevenção cardiovascular durante o climatério e a menopausa. As recomendações incluem:


- Alimentação equilibrada: Dietas ricas em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis devem ser priorizadas.


- Atividade física regular: O exercício físico ajuda a manter o peso, controlar os níveis de colesterol e reduzir o risco de hipertensão e diabetes.


- Controle de peso: A manutenção de um peso saudável é crucial para a prevenção de doenças cardíacas, especialmente devido à tendência ao aumento da gordura abdominal.


- Cessação do tabagismo: O abandono do cigarro é essencial, pois o tabagismo aumenta significativamente o risco de eventos cardiovasculares.


5. Abordagem Clínica e Diagnóstico


O documento recomenda que, durante o acompanhamento clínico, os médicos considerem as mudanças hormonais que afetam o risco cardiovascular. O diagnóstico precoce e o manejo adequado de condições como hipertensão, diabetes e dislipidemia são essenciais para reduzir o risco de eventos cardíacos.


O uso de ferramentas de estratificação de risco cardiovascular, adaptadas para mulheres na menopausa, é incentivado para guiar decisões terapêuticas.


6. Papel da Reposição de Estrogênio Natural


Além da terapia hormonal tradicional, a diretriz explora o potencial da reposição de estrogênios naturais encontrados em alimentos ricos em fitoestrógenos, como a soja. Esses compostos podem oferecer benefícios leves na redução dos sintomas da menopausa e na proteção cardiovascular, mas os efeitos são limitados e não substituem a terapia hormonal em casos mais graves.


7. Considerações Finais e Perspectivas Futuras


A diretriz conclui ressaltando a importância de uma abordagem personalizada para a saúde cardiovascular das mulheres no climatério e na menopausa. O acompanhamento regular, o manejo rigoroso dos fatores de risco e a avaliação cuidadosa da terapia hormonal são fundamentais para garantir a qualidade de vida e a redução da mortalidade cardiovascular nesse grupo.


Além disso, há uma necessidade crescente de mais pesquisas sobre a interação entre as mudanças hormonais e o risco cardiovascular, para desenvolver diretrizes cada vez mais eficazes e seguras.


Em resumo, a "Diretriz Brasileira sobre a Saúde Cardiovascular no Climatério e na Menopausa" destaca a importância de uma intervenção precoce e personalizada para prevenir e manejar o risco cardiovascular em mulheres nesse período de transição hormonal.

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© 2019 por Dra Géssica Magalhães. 

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