Síndrome metabólica e o risco silencioso na saúde da mulher
- Géssica Magalhães
- 2 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 5 de out.
A síndrome metabólica é uma condição que combina múltiplos fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Em mulheres, essa síndrome representa um desafio ainda maior, devido a peculiaridades hormonais e metabólicas que influenciam sua saúde ao longo da vida.

Este artigo explora a síndrome metabólica na mulher, seus principais fatores de risco e as implicações para a saúde, com base nas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
1. O que é a síndrome metabólica?
A síndrome metabólica é um conjunto de condições inter-relacionadas que aumentam significativamente o risco de doenças graves, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e diabetes.
Para ser diagnosticada com a síndrome, a mulher deve apresentar pelo menos três dos seguintes fatores:
- Circunferência abdominal aumentada: maior que 88cm
- Níveis elevados de triglicerídeos
- Baixos níveis de colesterol HDL ("bom")
- Pressão arterial elevada
- Glicemia de jejum elevada
Esses fatores, quando presentes em conjunto, sobrecarregam o sistema cardiovascular e favorecem a progressão de doenças metabólicas. Nas mulheres, essa combinação de fatores de risco pode ser particularmente influenciada por variações hormonais ao longo da vida, como o ciclo menstrual, a menopausa e o uso de anticoncepcionais hormonais.
2. Fatores de risco específicos para as mulheres
Embora a síndrome metabólica afete tanto homens quanto mulheres, há alguns fatores que tornam as mulheres mais suscetíveis ao seu desenvolvimento. A obesidade abdominal, por exemplo, é um fator central na síndrome metabólica e é mais prevalente entre mulheres, especialmente após a menopausa.
A distribuição de gordura corporal muda com a redução dos níveis de estrogênio, favorecendo o acúmulo de gordura visceral, que está diretamente ligada a complicações metabólicas.
Além disso, a resistência à insulina – uma característica chave da síndrome metabólica – pode ser exacerbada em mulheres com histórico de diabetes gestacional ou síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Essas condições aumentam o risco de desenvolver tanto a síndrome metabólica quanto o diabetes tipo 2.
Outro fator a considerar é o sedentarismo, que afeta uma parcela significativa da população feminina, contribuindo para o acúmulo de gordura abdominal e o aumento da pressão arterial.
3. O impacto hormonal na síndrome metabólica
Os hormônios femininos desempenham um papel protetor contra doenças cardiovasculares durante o período reprodutivo, mas essa proteção diminui com a menopausa. O estrogênio, que ajuda a regular o metabolismo lipídico e a manter a flexibilidade dos vasos sanguíneos, tem sua produção drasticamente reduzida nessa fase, aumentando o risco de síndrome metabólica e doenças cardiovasculares.
Mulheres na pós-menopausa são mais propensas a apresentar resistência à insulina, dislipidemia e hipertensão, todos componentes da síndrome metabólica. Além disso, o uso de terapias hormonais pode influenciar a evolução da síndrome.
Enquanto algumas mulheres podem se beneficiar da reposição hormonal, outras podem apresentar aumento de risco para a síndrome, dependendo da predisposição genética e das condições preexistentes.
4. Consequências da síndrome metabólica para a saúde cardiovascular
A síndrome metabólica é um precursor direto de doenças cardiovasculares, e as mulheres que a desenvolvem estão em risco elevado de complicações como infarto do miocárdio e AVC.
A obesidade abdominal, a hipertensão e a resistência à insulina criam um ambiente propício para o desenvolvimento da aterosclerose – o acúmulo de placas de gordura nas artérias que pode levar à obstrução do fluxo sanguíneo e causar eventos cardiovasculares graves.
Além disso, a inflamação crônica, comum em pessoas com síndrome metabólica, pode danificar os vasos sanguíneos e aumentar o risco de formação de coágulos.
Esse processo inflamatório, associado à disfunção endotelial (dano à camada interna dos vasos), torna o sistema cardiovascular mais vulnerável, especialmente em mulheres com fatores de risco adicionais, como tabagismo ou histórico familiar de doenças cardíacas.
5. Estratégias de prevenção e controle da síndrome metabólica
A boa notícia é que a síndrome metabólica pode ser prevenida e controlada, principalmente por meio de mudanças no estilo de vida.
A primeira linha de defesa é a adoção de hábitos alimentares saudáveis, com uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis, como as encontradas no azeite de oliva e nos peixes.
A prática regular de atividade física é outro pilar essencial para a prevenção da síndrome metabólica, ajudando a reduzir a gordura abdominal, melhorar a sensibilidade à insulina e controlar a pressão arterial.
Além das mudanças no estilo de vida, o acompanhamento médico regular é fundamental para o controle dos fatores de risco. A medição periódica da glicemia, dos níveis de colesterol e da pressão arterial permite uma detecção precoce da síndrome metabólica e o início do tratamento adequado.
Em alguns casos, medicamentos para controle da pressão arterial, da glicose ou do colesterol podem ser necessários, sempre sob orientação médica.
6. O papel do acompanhamento multidisciplinar
A abordagem da síndrome metabólica em mulheres exige a participação de uma equipe multidisciplinar, incluindo cardiologistas, endocrinologistas, nutricionistas e educadores físicos.
Esse acompanhamento integrado permite que a mulher receba orientações personalizadas e eficazes para controlar os fatores de risco e evitar a progressão da síndrome para complicações mais graves.
Além disso, a conscientização sobre a importância da saúde cardiovascular nas mulheres é essencial. Muitos dos sintomas e fatores de risco associados à síndrome metabólica podem ser silenciosos, o que faz com que muitas mulheres não percebam o perigo até que uma complicação grave ocorra.
Campanhas de educação e prevenção são fundamentais para alertar as mulheres sobre a necessidade de adotar hábitos saudáveis desde cedo e realizar check-ups regulares.
Conclusão




Muito enriquecedor.