O impacto do cigarro eletrônico no coração da mulher
- Géssica Magalhães
- 2 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 4 de out.
Nos últimos anos, o cigarro eletrônico ganhou popularidade como uma alternativa menos prejudicial ao cigarro convencional. No entanto, diversos estudos têm questionado essa percepção, especialmente no que diz respeito aos efeitos cardiovasculares em mulheres.

Este artigo explora o impacto do cigarro eletrônico no coração feminino, abordando suas implicações para a saúde e os riscos potenciais associados ao seu uso.
1. Como o cigarro eletrônico afeta o sistema cardiovascular feminino
Apesar de ser frequentemente comercializado como uma opção mais segura, o cigarro eletrônico contém nicotina e outras substâncias que podem prejudicar o sistema cardiovascular. A nicotina, mesmo em dispositivos eletrônicos, provoca a constrição dos vasos sanguíneos, aumentando a pressão arterial e a frequência cardíaca. Em mulheres, esses efeitos são particularmente preocupantes, pois há uma maior predisposição biológica para doenças vasculares em comparação aos homens.
Além disso, os solventes usados nos líquidos do cigarro eletrônico, como propilenoglicol e glicerina vegetal, podem se decompor em compostos tóxicos quando aquecidos. A inalação contínua dessas substâncias pode comprometer a função endotelial, que é a capacidade dos vasos sanguíneos de dilatar-se adequadamente, aumentando o risco de doenças como hipertensão e aterosclerose.
2. A interação entre nicotina e hormônios femininos
A interação entre a nicotina e o sistema hormonal feminino pode ter consequências graves para a saúde do coração. O estrogênio, que oferece uma proteção natural contra doenças cardiovasculares, pode ter sua ação reduzida devido à presença da nicotina. O cigarro eletrônico, portanto, pode acelerar o declínio dessa proteção, particularmente em mulheres que estão próximas da menopausa ou que têm condições hormonais pré-existentes.
Essa interferência hormonal também contribui para a maior vulnerabilidade feminina à disfunção endotelial e à formação de placas ateroscleróticas. Com o uso contínuo do cigarro eletrônico, a rigidez arterial aumenta, o que é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de infartos do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVC).
3. Risco aumentado de doenças cardíacas nas mulheres
Embora muitos usuários de cigarro eletrônico acreditem que ele representa um risco menor para a saúde, evidências crescentes sugerem o contrário. Para as mulheres, o risco de desenvolver doenças cardíacas com o uso prolongado de cigarros eletrônicos pode ser comparável ao do cigarro tradicional.
A exposição crônica à nicotina e a outros produtos químicos presentes nos líquidos dos cigarros eletrônicos leva ao aumento da pressão arterial e à inflamação sistêmica, dois fatores cruciais no desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Além disso, as mulheres tendem a apresentar uma resposta inflamatória mais intensa do que os homens quando expostas a substâncias tóxicas, o que agrava o risco de aterosclerose e doenças relacionadas ao coração. O uso do cigarro eletrônico também tem sido associado a um aumento na resistência à insulina, o que pode precipitar a síndrome metabólica, um dos principais precursores de doenças cardíacas em mulheres.
4. Efeitos a longo prazo no coração de mulheres jovens
Um aspecto alarmante do uso de cigarros eletrônicos é seu apelo entre as mulheres jovens, que muitas vezes veem o dispositivo como uma alternativa "segura" ao cigarro tradicional. No entanto, os efeitos cardiovasculares do cigarro eletrônico podem ser ainda mais prejudiciais quando o uso começa em idades precoces.
A exposição contínua à nicotina e aos produtos químicos pode ter impactos a longo prazo, prejudicando a elasticidade dos vasos sanguíneos e acelerando o envelhecimento cardiovascular.
Além disso, a iniciação precoce ao cigarro eletrônico pode criar uma dependência significativa da nicotina, dificultando a interrupção do hábito ao longo da vida. Com o tempo, os danos acumulados no sistema cardiovascular podem resultar em doenças graves, como insuficiência cardíaca e doença arterial coronariana, que tendem a se manifestar de forma mais grave em mulheres.
5. Cigarro eletrônico e complicações durante a gravidez
O uso de cigarro eletrônico durante a gravidez também levanta sérias preocupações para a saúde cardiovascular das gestantes e dos fetos. A nicotina atravessa a placenta, afetando diretamente o desenvolvimento cardiovascular do bebê e aumentando o risco de complicações como hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e parto prematuro.
Além disso, mulheres grávidas que utilizam cigarros eletrônicos podem estar mais propensas a desenvolver problemas cardiovasculares durante a gravidez, colocando em risco tanto a própria saúde quanto a do feto.
Mesmo após o parto, os efeitos adversos do cigarro eletrônico podem persistir, uma vez que a nicotina também pode ser transmitida ao bebê por meio do leite materno. Isso reforça a necessidade de conscientização sobre os riscos do uso de cigarros eletrônicos durante a gestação e no período pós-parto.
6. Prevenção e conscientização: o que as mulheres devem saber
A conscientização sobre os riscos cardiovasculares associados ao cigarro eletrônico é fundamental para que as mulheres tomem decisões informadas sobre sua saúde. É crucial entender que, embora o cigarro eletrônico seja promovido como uma alternativa menos nociva, ele ainda carrega riscos significativos, especialmente para o sistema cardiovascular.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que as mulheres evitem o uso de qualquer forma de tabaco, incluindo o cigarro eletrônico, e que busquem orientação médica para interromper o hábito, caso já estejam utilizando. Além disso, campanhas de prevenção e educação sobre os efeitos do cigarro eletrônico devem ser direcionadas ao público feminino, enfatizando os riscos únicos que elas enfrentam em comparação aos homens.
Conclusão




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