O impacto do cigarro no coração da mulher
- Géssica Magalhães
- 2 de out. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 5 de out.
O tabagismo é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Nas mulheres, os efeitos nocivos do cigarro são ainda mais pronunciados devido a características biológicas e hormonais específicas.

Neste artigo, exploraremos como o cigarro afeta o coração feminino, desde as alterações cardiovasculares até o aumento do risco de infarto e outras condições graves.
1. O papel dos hormônios femininos na saúde cardiovascular
Os hormônios femininos, principalmente o estrogênio, têm uma função protetora no sistema cardiovascular das mulheres. Durante o período reprodutivo, os níveis mais altos de estrogênio ajudam a manter os vasos sanguíneos mais flexíveis, facilitando o fluxo sanguíneo e reduzindo o risco de doenças cardíacas.
No entanto, o tabagismo interfere diretamente nesse mecanismo. Substâncias tóxicas presentes no cigarro, como a nicotina e o monóxido de carbono, promovem a rigidez arterial e aceleram a degradação do estrogênio. Isso faz com que as mulheres fumantes percam essa proteção natural mais cedo, predispondo-as a uma série de complicações cardiovasculares.
2. Alterações no sistema circulatório feminino
O cigarro provoca uma série de mudanças no sistema circulatório que são especialmente danosas para as mulheres. O monóxido de carbono presente na fumaça do cigarro compete com o oxigênio no sangue, reduzindo a oxigenação dos tecidos.
Além disso, o tabagismo provoca a disfunção do endotélio, camada interna dos vasos sanguíneos responsável por regular a dilatação e contração dos vasos. Essa disfunção endotelial leva ao enrijecimento das artérias, favorecendo a aterosclerose – formação de placas de gordura nas paredes das artérias. Em mulheres, essa progressão é acelerada pelo cigarro, aumentando o risco de hipertensão e infarto do miocárdio.
3. Risco elevado de infarto em mulheres fumantes
O risco de infarto em mulheres fumantes é significativamente maior do que em homens, de acordo com estudos recentes. As mulheres que fumam têm três vezes mais chances de sofrer um infarto do que as não fumantes, e a idade de risco é geralmente mais precoce.
Um fator agravante é que os sintomas de infarto em mulheres são muitas vezes atípicos. Enquanto os homens costumam relatar dores intensas no peito, muitas mulheres experimentam sintomas como fadiga, náusea e dor nas costas, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento. O cigarro intensifica esses riscos ao acelerar o desenvolvimento de doenças arteriais, como a aterosclerose, tornando os infartos mais frequentes e graves.
4. Tabagismo e menopausa precoce: uma combinação perigosa
Mulheres fumantes enfrentam um risco mais elevado de menopausa precoce, o que agrava ainda mais os problemas cardiovasculares. A menopausa está associada à queda nos níveis de estrogênio, o que naturalmente aumenta o risco de doenças cardíacas.
Quando essa fase ocorre mais cedo, devido ao tabagismo, as mulheres perdem a proteção hormonal mais cedo do que o esperado, o que acelera a progressão das doenças cardíacas. Além disso, o cigarro aumenta os níveis de LDL (colesterol "ruim") e reduz o HDL (colesterol "bom"), outro fator que contribui para o surgimento de problemas cardíacos nessa fase da vida.
5. Doenças vasculares periféricas e AVC em mulheres fumantes
Além do impacto direto no coração, o tabagismo também afeta gravemente as artérias periféricas, aquelas que irrigam os membros. O estreitamento dessas artérias pode causar dores intensas nas pernas e, em casos mais graves, levar à amputação. Em mulheres, o risco de doenças vasculares periféricas é aumentado devido à maior suscetibilidade à formação de coágulos sanguíneos.
Outro ponto preocupante é o aumento expressivo do risco de acidente vascular cerebral (AVC) entre mulheres fumantes. A nicotina promove a formação de coágulos e pode causar a obstrução das artérias cerebrais, resultando em AVC isquêmico.
6. Benefícios da cessação do tabagismo para o coração feminino
Parar de fumar é uma das decisões mais impactantes para melhorar a saúde cardiovascular. Estudos indicam que, após apenas um ano sem fumar, o risco de doenças cardíacas em mulheres pode ser reduzido pela metade.
Além disso, a longo prazo, os benefícios são ainda mais significativos: após cerca de 15 anos sem fumar, o risco cardiovascular de uma ex-fumante se aproxima do de uma pessoa que nunca fumou. No entanto, é importante lembrar que, quanto mais cedo for o abandono do cigarro, maior será a reversão dos danos e menores serão as chances de complicações graves.
Conclusão




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