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O que é fibrilação atrial?

  • Foto do escritor: Géssica Magalhães
    Géssica Magalhães
  • 12 de out.
  • 3 min de leitura
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A fibrilação atrial é a arritmia cardíaca sustentada mais comum na prática clínica. Caracteriza-se por batimentos irregulares e, muitas vezes, acelerados dos átrios. que são as câmaras superiores do coração. Essa condição altera o ritmo cardíaco normal e compromete a eficácia do bombeamento de sangue, o que pode levar a complicações graves, como acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca.

Apesar de sua alta prevalência, especialmente entre idosos, muitos pacientes desconhecem que convivem com a doença. A detecção precoce, o controle dos fatores de risco, o correto diagnóstico e o manejo adequado são fundamentais para reduzir a morbimortalidade associada à fibrilação atrial.


O que é a fibrilação atrial

Em condições normais, os batimentos cardíacos são coordenados por um sistema elétrico intrínseco que regula a contração ordenada dos átrios e ventrículos. Na fibrilação atrial, os átrios perdem essa coordenação e passam a fibrilar ("tremer") ou seja, a realizar contrações rápidas e desorganizadas. Como consequência, o sangue pode se acumular nas câmaras superiores, favorecendo a formação de coágulos.

Esses coágulos podem migrar para a circulação cerebral, provocando um AVC isquêmico. Estima-se que até 20% dos AVCs em idosos estejam relacionados à fibrilação atrial, reforçando a gravidade dessa condição.


Principais fatores de risco

O desenvolvimento da fibrilação atrial está associado a diversos fatores de risco, alguns modificáveis e outros não. Conhecê-los permite atuar preventivamente e identificar indivíduos com maior probabilidade de desenvolver a arritmia.

Entre os principais fatores de risco, destacam-se:

  • Idade avançada: a prevalência aumenta significativamente após os 60 anos.

  • Hipertensão arterial: eleva a pressão dentro das câmaras cardíacas, favorecendo alterações estruturais no átrio esquerdo.

  • Insuficiência cardíaca: o remodelamento cardíaco facilita a instalação da arritmia.

  • Doenças das válvulas cardíacas: especialmente a estenose mitral e a insuficiência mitral.

  • Cardiopatias isquêmicas: como o infarto do miocárdio e a angina.

  • Doenças da tireoide: o hipertireoidismo é um desencadeador conhecido.

  • Diabetes mellitus: contribui para alterações elétricas e estruturais no coração.

  • Obesidade e apneia do sono: favorecem inflamação crônica e estresse atrial.

  • Consumo excessivo de álcool: episódios de “holiday heart syndrome” são comuns em usuários abusivos.

  • Histórico familiar ou genético


Muitos desses fatores de risco coexistem em um mesmo paciente, aumentando a complexidade do manejo clínico.

Como se manifesta

A fibrilação atrial pode se apresentar de formas distintas, o que influencia na abordagem terapêutica:

  • Paroxística: episódios autolimitados, que cessam espontaneamente em menos de 7 dias.

  • Persistente: episódios que duram mais de 7 dias e requerem intervenção para reversão.

  • Persistente de longa duração: arritmia contínua por mais de 12 meses.

  • Permanente: quando se opta por não tentar mais reverter para o ritmo sinusal.


Os sintomas variam. Em alguns casos, a arritmia é completamente assintomática, sendo identificada apenas em exames de rotina. Nos quadros sintomáticos, os pacientes podem relatar:

  • Palpitações

  • Tontura

  • Fraqueza

  • Dispneia (falta de ar)

  • Dor torácica

  • Sensação de descompasso nos batimentos

7 Em pacientes com comorbidades, a arritmia pode descompensar outras condições clínicas, exigindo atenção redobrada.


Estratégias de diagnóstico

O diagnóstico da fibrilação atrial é essencialmente clínico e eletrocardiográfico. O ECG (eletrocardiograma) é o exame de escolha para confirmação da arritmia, evidenciando a ausência de ondas P e a irregularidade do ritmo ventricular.

Nos casos de fibrilação atrial intermitente ou suspeita de episódios silenciosos, exames complementares podem ser necessários.

Um diagnóstico precoce pode evitar complicações graves, como o AVC, e melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente.


Abordagem de tratamento

O tratamento da fibrilação atrial tem como objetivos principais:

  1. Prevenir eventos tromboembólicos

  2. Controlar a frequência cardíaca

  3. Restaurar e/ou manter o ritmo sinusal (quando possível)

  4. Tratar causas subjacentes e comorbidades


O tratamento deve ser sempre individualizado, levando em conta a forma clínica da arritmia, os sintomas, os fatores de risco e a presença de outras doenças cardiovasculares.


Considerações finais

A fibrilação atrial é uma condição complexa, que exige vigilância, estratégia e abordagem multidisciplinar. Embora nem sempre cause sintomas perceptíveis, pode desencadear eventos cardiovasculares severos e impactar profundamente a qualidade de vida. Investir na identificação dos fatores de risco, realizar um diagnóstico preciso e iniciar o tratamento adequado são os pilares para a redução de complicações e a melhoria do prognóstico.

Em tempos de envelhecimento populacional e aumento das doenças crônicas, a atenção à fibrilação atrial é um imperativo de saúde pública e uma medida de cuidado responsável com o coração.


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© 2019 por Dra Géssica Magalhães. 

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