Pedra na vesícula: do que se trata?
- Géssica Magalhães
- 11 de out.
- 4 min de leitura

A colelitíase, popularmente conhecida como pedra na vesícula, é uma condição que acomete milhões de pessoas no mundo todo. Embora frequentemente assintomática, pode desencadear episódios agudos de dor e levar a complicações graves quando não diagnosticada e tratada adequadamente. Trata-se de uma enfermidade do sistema digestivo que merece atenção, sobretudo diante de sua alta prevalência e dos múltiplos fatores de risco associados.
O que é a colelitíase?
A colelitíase é caracterizada pela formação de cálculos biliares, sólidos semelhantes a cristais, dentro da vesícula biliar, que é um pequeno órgão em forma de pera localizado abaixo do fígado, cuja principal função é armazenar e concentrar a bile, fluido responsável por auxiliar na digestão das gorduras.
Os cálculos podem ter composições variadas: colesterol, pigmentos biliares (bilirrubinato de cálcio) ou uma combinação de ambos. Esses elementos se aglomeram, formando as chamadas pedras na vesícula, que podem variar em número e tamanho, desde pequenos grãos de areia até massas consideráveis.
Principais fatores de risco
A formação de pedras na vesícula não ocorre por acaso. Há uma série de fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolvimento da colelitíase, muitos deles relacionados a hábitos de vida e características individuais. Entre os principais, destacam-se:
Sexo feminino: mulheres em idade fértil são mais suscetíveis, principalmente pela ação do estrogênio, que aumenta a saturação de colesterol na bile.
Idade acima de 40 anos: o risco cresce com o avanço da idade.
Obesidade e sobrepeso: o excesso de gordura corporal aumenta os níveis de colesterol na bile.
Perda de peso rápida e dietas restritivas: podem desbalancear a composição da bile e reduzir a motilidade da vesícula.
Histórico familiar: há componente genético envolvido na predisposição à colelitíase.
Diabetes e resistência à insulina: alteram o metabolismo hepático e a função da vesícula.
Gravidez: por alterações hormonais que diminuem o esvaziamento vesicular.
Uso prolongado de anticoncepcionais ou terapia de reposição hormonal.
Sintomas da colelitíase
A colelitíase pode permanecer silenciosa por muitos anos. Estima-se que cerca de 70% das pessoas com pedra na vesícula não apresentem sintomas. No entanto, quando ocorrem, os sintomas costumam ser bem característicos.
O principal é a chamada cólica biliar, uma dor intensa na parte superior direita do abdômen, que pode irradiar para as costas ou ombro direito. Essa dor surge tipicamente após refeições gordurosas, dura de 30 minutos a algumas horas e pode vir acompanhada de náuseas, vômitos, distensão abdominal e sensação de empachamento.
Complicações mais graves podem surgir quando há obstrução do ducto biliar por um cálculo. Nesse caso, o quadro clínico pode evoluir para:
Colecistite aguda: inflamação da vesícula, com febre, dor contínua e sinais inflamatórios.
Colangite: infecção das vias biliares, com febre alta, icterícia (pele e olhos amarelados) e alteração do estado geral.
Pancreatite biliar: inflamação do pâncreas provocada por obstrução dos canais comuns entre vesícula e pâncreas.
Diante desses sintomas, a busca por atendimento médico deve ser imediata.
Estratégias de prevenção
A prevenção da colelitíase está intimamente ligada ao controle dos seus fatores de risco, especialmente os modificáveis. Embora nem todos os casos possam ser evitados, algumas medidas ajudam significativamente a reduzir o risco de formação de cálculos:
Manter o peso corporal adequado: evitar tanto o excesso quanto a perda rápida de peso.
Adotar uma dieta equilibrada: rica em fibras, vegetais, frutas e gorduras saudáveis; com moderação no consumo de frituras, alimentos ultraprocessados e açúcares refinados.
Praticar atividade física regularmente: melhora o metabolismo lipídico e a função vesicular.
Evitar jejuns prolongados: a vesícula precisa se esvaziar regularmente para não favorecer o acúmulo de cristais.
Acompanhamento médico em grupos de risco: como gestantes, pessoas com histórico familiar ou com doenças metabólicas.




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