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Um cuidado especial com o coração da mulher

  • Foto do escritor: Géssica Magalhães
    Géssica Magalhães
  • 2 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 5 de out.

A saúde cardiovascular das mulheres é um tema que merece atenção especial, dado o aumento da mortalidade feminina por doenças cardíacas nos últimos anos. O Posicionamento sobre a Saúde Cardiovascular nas Mulheres (Sociedade Brasileira de Cardiologia), de 2022, traz uma visão abrangente sobre os principais fatores de risco, prevenção e tratamento específicos para essa população.


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A seguir, serão abordados os principais pontos discutidos no documento.


1. Doenças Cardiovasculares: A Principal Causa de Morte nas Mulheres


As doenças cardiovasculares representam a principal causa de morte entre as mulheres, superando inclusive o câncer. No entanto, há uma falta de percepção generalizada sobre esse risco. A sociedade ainda subestima os sintomas de problemas cardíacos nas mulheres, que muitas vezes se manifestam de forma atípica. Sintomas como dor em locais incomuns (ombros, costas), cansaço extremo, falta de ar e náuseas são frequentemente ignorados ou atribuídos a outras causas, o que leva a diagnósticos tardios e aumento das complicações.


2. Fatores de Risco Específicos para Mulheres


Além dos fatores de risco tradicionais, como hipertensão, diabetes e dislipidemia, as mulheres apresentam riscos específicos relacionados à sua biologia e saúde reprodutiva. O posicionamento destaca alguns dos principais fatores, como:


- Complicações obstétricas: Condições como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e hipertensão durante a gravidez aumentam significativamente o risco cardiovascular.

- Menopausa precoce: A perda precoce dos hormônios protetores, como o estrogênio, contribui para o aumento da incidência de doenças cardíacas.

- Doenças autoimunes: Patologias mais prevalentes entre mulheres, como lúpus e artrite reumatoide, também são importantes fatores de risco cardiovascular.


3. Fatores Psicossociais e Saúde Mental


Outro ponto de destaque é a influência dos fatores psicossociais na saúde cardiovascular feminina. O estresse crônico, a depressão e a ansiedade são mais comuns entre as mulheres e podem agravar o risco de doenças cardíacas. Esses fatores têm impacto direto no sistema cardiovascular, contribuindo para a elevação da pressão arterial, o aumento da frequência cardíaca e o comprometimento da função vascular.


Portanto, o manejo adequado da saúde mental deve ser uma parte fundamental das estratégias preventivas para reduzir o risco cardiovascular entre as mulheres.


4. Prevenção e Educação em Saúde


A prevenção é o pilar central na promoção da saúde cardiovascular feminina. O documento recomenda uma abordagem que envolva:


- Adoção de hábitos alimentares saudáveis: Dietas ricas em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis são fundamentais para a saúde do coração.


- Controle de peso: A obesidade é um fator de risco importante, e a manutenção de um peso saudável é essencial para reduzir o risco de doenças cardíacas.


- Atividade física regular: A prática de exercícios físicos ajuda a controlar a pressão arterial, melhorar a circulação sanguínea e fortalecer o coração.


- Cessação do tabagismo e moderação no consumo de álcool: Abandonar o cigarro e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas são medidas cruciais para a prevenção.


Além disso, o documento destaca a importância da educação em saúde para conscientizar as mulheres sobre os riscos que elas correm e a necessidade de acompanhamento médico regular.


5. Tratamento e Disparidades no Cuidado


O documento aponta que, embora existam tratamentos eficazes baseados em evidências, as mulheres muitas vezes são subtratadas. Elas recebem menos intervenções farmacológicas e menos procedimentos invasivos, como angioplastia ou cateterismo, em comparação aos homens. Isso se deve, em parte, à falta de reconhecimento dos sintomas atípicos e a um viés implícito no atendimento médico.


Há uma necessidade urgente de que os profissionais de saúde adotem uma abordagem mais equitativa, garantindo que as mulheres recebam o tratamento adequado e em tempo hábil.


6. Pesquisas e Diretrizes Específicas para Mulheres


O posicionamento ressalta que a pesquisa sobre saúde cardiovascular ainda tem lacunas importantes no que diz respeito às mulheres. É fundamental que mais estudos sejam conduzidos, levando em conta as diferenças biológicas e hormonais entre os sexos. A pesquisa também deve considerar fatores psicossociais e culturais que influenciam a saúde cardiovascular feminina.


Esses estudos são essenciais para a criação de diretrizes clínicas que reflitam as necessidades específicas das mulheres, proporcionando tratamentos mais eficazes e personalizando as estratégias de prevenção.


Conclusão


O Posicionamento sobre a Saúde Cardiovascular nas Mulheres reforça a necessidade de uma abordagem diferenciada no cuidado com a saúde cardíaca feminina.


Com o reconhecimento das diferenças de gênero, tanto na manifestação quanto no tratamento das doenças cardiovasculares, e a adoção de estratégias preventivas específicas, é possível reduzir a mortalidade e melhorar a qualidade de vida das mulheres.


O documento serve como um alerta e uma orientação para profissionais de saúde e o público em geral, destacando a importância de cuidar do coração feminino de maneira mais eficaz e personalizada.

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© 2019 por Dra Géssica Magalhães. 

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