Vida sexual dos cardiopatas
- Géssica Magalhães
- 16 de out.
- 3 min de leitura

Sexualidade do Paciente Cardiopata: Como Retomar a Vida Íntima com Segurança
A sexualidade faz parte da saúde, do afeto, da autoestima e da qualidade de vida. No entanto, após um diagnóstico de doença cardíaca, como infarto, angina, insuficiência cardíaca ou após uma cirurgia, é comum surgirem medos e dúvidas sobre a retomada da vida sexual.
Neste texto, você vai entender como a sexualidade pode ser vivida com segurança pelo paciente cardiopata, quais cuidados são importantes e quando procurar ajuda.
A vida sexual precisa mudar após um problema cardíaco?
Na maioria dos casos, não. A atividade sexual pode ser mantida ou retomada, desde que com os devidos cuidados, especialmente se o paciente estiver em acompanhamento médico.
Ter uma vida sexual ativa não é um risco proibitivo, mas pode exigir adaptações dependendo do estágio da doença e da condição física do paciente.
Quais são os principais medos e dúvidas?
Após um infarto ou diagnóstico de cardiopatia, é comum o paciente ou seu parceiro(a) se questionarem:
“Posso ter uma parada cardíaca durante o sexo?”
“Meu coração aguenta esse esforço?”
“Perdi o desejo. Isso é normal?”
“Posso usar medicamentos para disfunção erétil?”
“Minha parceira tem medo de me machucar…”
Esses medos são legítimos, mas a maioria deles pode ser esclarecida e superada com orientação adequada.
A relação sexual é perigosa para o coração?
A atividade sexual exige um esforço físico leve a moderado, comparável a subir dois lances de escada ou caminhar rapidamente por 6 a 7 minutos.
Se o paciente consegue realizar essas atividades sem dor no peito, falta de ar intensa ou tontura, é um bom sinal de que pode retomar a vida sexual com segurança.
Para pacientes com doença cardíaca controlada, o sexo não representa risco elevado.
Quando é seguro voltar à atividade sexual?
Situação clínica | Retorno sugerido |
Infarto leve, sem complicações | 2 a 4 semanas |
Cirurgia cardíaca | 6 a 8 semanas |
Insuficiência cardíaca controlada | Avaliação caso a caso |
Colocação de stent | Após 1 a 2 semanas |
Arritmias ou sintomas no esforço | Avaliação médica obrigatória |
O médico cardiologista deve sempre ser consultado, principalmente se houver sintomas como cansaço excessivo, dor no peito, palpitações ou desmaios.
E se houver perda de libido ou dificuldades na relação?
É comum que pacientes com problemas cardíacos enfrentem:
Medo do esforço físico durante o sexo;
Ansiedade de desempenho;
Depressão ou desânimo;
Efeitos colaterais de medicamentos, como alguns betabloqueadores;
Problemas hormonais ou psicológicos.
Essas situações são tratáveis. O diálogo com o médico e, quando necessário, com um psicólogo ou terapeuta sexual, pode fazer toda a diferença.
Posso usar medicamentos para disfunção erétil (como sildenafil/viagra)?
Sim, em muitos casos eles são seguros, desde que:
Não haja uso de medicamentos à base de nitratos (como dinitrato de isossorbida ou mononitrato);
O paciente esteja estável clinicamente;
Seja feita avaliação médica prévia.
A combinação de nitrato + sildenafil pode causar queda grave de pressão. Por isso, nunca use por conta própria.
Dicas para retomar a sexualidade com segurança e tranquilidade:
Espere estar emocionalmente tranquilo e fisicamente descansado;
Evite relações logo após refeições pesadas ou consumo de álcool em excesso;
Escolha um ambiente calmo e confortável;
Adote posições confortáveis que não exijam esforço exagerado;
Converse abertamente com o(a) parceiro(a) sobre medos, desejos e limites;
Se surgirem sintomas como dor no peito, falta de ar ou tontura durante o sexo, pare a atividade e procure seu médico.
E quanto aos casais?
O impacto emocional da doença cardíaca afeta não só o paciente, mas também o(a) parceiro(a). É comum que o outro sinta:
Medo de machucar o paciente;
Culpa por desejar retomar a intimidade;
Dificuldade em expressar o que sente.
O diálogo é fundamental. Retomar o contato afetivo e sexual pode fortalecer o vínculo do casal e melhorar a autoestima de ambos.
Quando procurar ajuda especializada?
Procure apoio se:
Houver medo persistente em retomar a vida sexual;
Existirem sintomas durante a atividade;
Ocorrer baixa libido, disfunção erétil ou dor;
Houver impacto emocional no relacionamento.
O médico cardiologista pode encaminhar para psicólogo, terapeuta sexual, endocrinologista ou urologista/ginecologista, conforme o caso.
Em resumo:
A vida sexual pode e deve ser retomada com segurança, mesmo após um evento cardíaco;
A avaliação médica ajuda a orientar o momento certo e os cuidados necessários;
A sexualidade é parte da saúde e da qualidade de vida, e deve ser respeitada e acolhida;
O diálogo aberto com profissionais e com o(a) parceiro(a) é o melhor caminho para superar o medo e viver com mais liberdade e conexão.




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